Mortalidade infantil no mundo caiu pela metade nas duas últimas décadas, mostra relatório da OMS


Documento foi divulgado nesta quarta (13); meta é zerar o indicador até 2030. Entidade alerta que pandemia de Covid-19 pode atrasar ainda mais o cumprimento de objetivos de saúde globais. 13 de maio: trabalhador migrante carrega filhos enquanto volta para casa em Faridabad, na Índia, em meio a lockdown para tentar conter a disseminação da Covid-19.
Money Sharma/AFP
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou, nesta quarta-feira (13), seu relatório anual sobre a saúde no mundo. A mortalidade infantil (crianças abaixo de cinco anos de idade) no mundo caiu pela metade entre 2000 e 2018, mosta o documento.
Houve uma queda de 76 para 39 mortes a cada mil nascidos vivos na média mundial. Entre os recém-nascidos, caiu de 31 para 18 o número de mortes a cada mil nascimentos.
A meta da organização é zerar ambos os indicadores até 2030. Como objetivo mínimo, os países devem conseguir ter, no máximo, 25 mortes a cada mil crianças abaixo de 5 anos, e até 12 mortes de recém-nascidos para cada mil nascimentos.
O Brasil já cumpriu o objetivo inicial. O relatório da OMS aponta 14 mortes a cada mil crianças de até 5 anos de idade em solo brasileiro; para os recém-nascidos, foram 8 mortes a cada mil nascimentos.
O menor índice registrado foi de 2 mortes para cada mil crianças, em países como Japão, Islândia, Luxemburgo e Chipre. O maior foi na Somália, com 122 mortes para cada mil crianças; em seguida vieram Nigéria, com 120 mortes, e Chade, com 119 (veja gráfico).
Entre os recém-nascidos, o menor índice foi de uma morte a cada mil nascimentos, em países como Andorra, Bielorrússia e, de novo, o Chipre, além de Estônia e Finlândia. As maiores taxas apareceram no Paquistão (42 mortes a cada mil nascimentos), República Centro-Africana (41 a cada mil) e Sudão do Sul (40 a cada mil).
“Muitas mortes infantis podem ser evitadas por meio de intervenções como imunização, amamentação exclusiva, nutrição adequada e tratamento de doenças infantis comuns. Reduções na poluição do ar e acesso a higiene básica, água potável e saneamento também contribuem para salvar muitas jovens vidas”, diz a OMS no relatório.
Aumento na expectativa de vida
12 de maio: dois idosos esperam ônibus em Crépy-en-Valois, a nordeste de Paris, na França.
François Nascimbeni / AFP
Segundo o documento, aumentou a expectativa de vida no mundo, ainda que de forma desigual. Os maiores ganhos foram em países de baixa renda, onde a expectativa de vida aumentou 11 anos entre 2000 e 2016. Nos países de alta renda, esse aumento foi de 3 anos.
Mas os moradores de países desenvolvidos continuam vivendo mais tempo. As maiores expectativas de vida ao nascer foram registradas no Japão (84,2 anos); na Suíça (83,3 anos) e na Espanha (83 anos). A menor foi na República Centro-Africana, cujos moradores tinham expectativa de 53 anos ao nascer.
No Brasil, a expectativa de vida ao nascer ficou em 75,1 anos, mesma da Colômbia.
Um dos motivos para o progresso nos países de baixa renda foi a melhora no acesso a serviços para prevenir e tratar HIV, malária, tuberculose e doenças tropicais negligenciadas, como verminoses. Outra razão foi a melhora nos cuidados de saúde para crianças e mães, o que contribuiu para a queda na mortalidade infantil, diz a OMS.
Queda em doenças infecciosas
O relatório da entidade também mostra uma queda na incidência de doenças infecciosas, principalmente do vírus HIV: a incidência a cada mil pessoas caiu de 0,47 para 0,24. Mas a OMS destaca que o ritmo nessa diminuição é lento demais para cumprir a meta de acabar com a epidemia de HIV até 2030.
“As intervenções precisam alcançar as populações que estão em grau muito alto de risco e que são responsáveis por 54% dos novos casos de HIV, mas são marginalizadas com leis punitivas e discriminação”, diz o relatório.
Já a incidência de tuberculose caiu de 172 para 132 casos para cada mil pessoas entre 2000 e 2018; para a malária, a queda foi de 81 para 57, mas a OMS destaca que o progresso no combate à doença está empacado desde 2014.
Pandemia ameaça objetivos
O levantamento destaca que, apesar de as pessoas estarem vivendo mais e de forma mais saudável, a pandemia de Covid-19 ameaça o cumprimento dos objetivos de saúde mundiais, que já progredia de forma lenta.
“A pandemia destaca a necessidade urgente de todos os países investirem em sistemas fortes de saúde e atenção primária à saúde como a melhor defesa contra surtos como o da Covid-19 e de muitas outras ameaças à saúde”, enfatizou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Os sistemas de saúde e a segurança da saúde são dois lados da mesma moeda”.

By Negócio em Alta

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