Especialistas alertam, também, que não há evidência de que a substância seja eficaz contra a Covid-19 e que ela pode estar associada a uma maior letalidade. 31 de março: Mulher segura frasco com pílulas de hidroxicloroquina que usa para tratar lúpus em Seattle, Washington, noroeste dos Estados Unidos.
Lindsey Wasson/Reuters
Especialistas de várias universidades brasileiras alertaram contra o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Em nota, eles afirmaram que o governo não pode submeter a população “ao risco adicional de um tratamento sem garantias de segurança e eficácia”. Os cientistas ressaltam, ainda, que “não há evidências científicas favoráveis que sustentem o uso” da cloroquina e da hidroxicloroquina em qualquer estágio da Covid-19.
“Por outro lado”, lembram, “há estudos que demonstram que o uso de CQ/HCQ para o tratamento de Covid-19 pode estar associado à maior frequência de eventos adversos graves e com maior letalidade”, dizem os especialistas.
O documento é assinado por médicos e cientistas ligados a institutos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); à Universidade Federal do Rio de Janeiro; à Academia Nacional de Medicina; à Universidade do Estado do Amazonas; ao Instituto de Ciências Biomédicas da USP e ao Instituto Questão de Ciência, em São Paulo: Celso Ferreira Ramos Filho, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, Daniel Goldberg Tabak, Djane Clarys Baia-da-Silva, José Gomes Temporão, Marcus Vinícius Guimarães Lacerda, Margareth Pretti Dalcolmo, Mauro Schechter, Natália Pasternak Taschner e Patrícia Brasil.
Protocolo
O Ministério da Saúde aprovou, nesta quarta-feira (20), um protocolo que permite o uso das substâncias para o tratamento da doença, apesar de vários estudos científicos já terem apontado que nenhuma das duas foi eficaz no combate à Covid-19.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) também recomendou, nesta quarta, que os medicamentos só sejam utilizados para tratar doenças contra as quais sua eficácia foi comprovada, como a malária e o lúpus.