Dados do InfoGripe até o dia 2 de maio apontam que 82,7% dos casos causados por vírus são de Covid-19. 5 de maio: equipe do SAMU transporta paciente com suspeita de Covid-19 para o hospital em Manaus.
Michael Dantas/AFP
As internações hospitalares por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) continuam a aumentar de forma acelerada no Brasil, mostra boletim do InfoGripe, da Fiocruz, divulgado na terça-feira (5).
Segundo estimativas da fundação, pode ter havido até 18.407 casos de internação por SRAG na semana passada. Na semana anterior, essa estimativa era de até 14 mil internações. O aumento vem ocorrendo desde 5 de abril, depois de uma queda nos casos no final de março.
“Na semana passada, sinalizamos que o dado dava sinais disso, e com essa nova atualização isso se confirmou”, afirma Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Ele destaca que existe um atraso entre a data do caso – em que aparecem os primeiros sintomas – e a data em que ele é inserido no sistema. Por isso, as estimativas em relação às semanas mais recentes são menos precisas.
“Em função disso, as análises de tendência devem dar maior peso às estimativas para as semanas anteriores, enquanto os dados das duas últimas semanas devem ser reavaliados a cada novo boletim”, explica Gomes.
Mas, mesmo assim, a aceleração está constatada – assim como os efeitos do isolamento entre o final de março e o início de abril.
“Os dados nos mostram que o sacrifício que fizemos funciona e podemos ver e mensurar esse resultado. Isto acende um sinal de alerta. A gente não pode relaxar, ainda não é o momento. O isolamento é hoje a principal ferramenta que nós temos”, ressaltou Gomes à agência de notícias da Fiocruz.
Na semana entre 29 de março e 4 de abril, a estimativa máxima da Fiocruz era de 8.823 internações por SRAG, menos da metade do número da semana até 2 de maio. O período também foi o único em que houve queda no número de internações.
“Tivemos duas semanas de crescimento muito intenso em meados de março, depois tivemos uma clara desaceleração no final do mês e começo de abril”, comentou Gomes.
Ele explica que “a redução do ritmo do crescimento pode ser associada à forte adesão que tivemos ao isolamento social desde o começo de março. Porque a gente tem um efeito lento nesse processo, o tempo entre a infecção e a hospitalização é, em média, de duas semanas”.
Os dados semanais consideram os novos casos registrados a cada semana. “A diferença entre uma semana e outra é o quanto esses novos casos foram maiores do que da semana anterior, o que está associado com a velocidade de crescimento”, explica.
Novo coronavírus é vírus mais frequente
Entre os casos de SRAG causados por vírus, cerca de 82,7% são pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), segundo a Fiocruz.
Dos 57.017 casos notificados (que já constam nos registros), 16.260 tiveram resultado positivo para algum tipo de vírus (cerca de 28,5%). Desses, 13.446 são de Covid-19. Outros 16.839 exames aguardam resultado.
A estimativa dos pesquisadores é de que tenha havido até 87,3 mil internações por SRAG no país até o dia 2 de maio, dos quais até 36% podem ser de Covid-19.
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