Governo precisa bancar empréstimos na pandemia, defende Rodrigo Zeidan

Praticamente sem receita durante a quarentena, as empresas buscam crédito para honrar compromissos de todos os tipos, como salários, aluguel e fornecedores. Na crise, contudo, o risco de inadimplência cresce dramaticamente, fazendo os bancos retraírem a oferta de empréstimos. Com isso, para atenuar a quantidade de falências, resta ao governo, por meio dos bancos públicos, assumir o risco de emprestar às pequenas e médias empresas.

Somente assim o País conseguirá escapar da chamada “armadilha da liquidez”, de acordo com o economista Rodrigo Zeidan, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

“Numa situação de crise geral – como o risco não só aumenta, explode –, os bancos acabam se retraindo no sentido de emprestar. A armadilha da liquidez significa o quê? Que não importa quanto dinheiro o Banco Central coloque no mercado, os bancos continuam sem emprestar. Nesse momento, estamos meio que presos nessa armadilha”, explica.

De acordo com Zeidan, que é professor de Economia e Finanças da Universidade de Nova York em Xangai e da Fundação Dom Cabral, a solução seria o “setor público assumir o risco temporário emprestando por meio do Banco do Brasil e da Caixa [Econômica Federal]”.

O que impede essa movimentação, na avaliação dele, é que a equipe econômica não se mostra disposta a abdicar, ainda que temporariamente, do processo de reestruturação fiscal. Por isso, até aqui, todas as medidas para amenizar os impactos da crise saíram de modo forçado.

“Não existe nada coordenado, esse que é o problema – tanto de resposta econômica como de saúde e de política. São um bando de ações pontuais e, se o vírus começar a destruir o tecido social, podemos ter convulsões sociais no Brasil, que é o meu grande medo: as pessoas não só não aguentarem a quarentena como não aguentarem a incerteza do governo e tentarem se proteger a qualquer custo”, adverte.

China

As críticas à China feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) e pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, no sentido de o gigante asiático não ter impedido a disseminação do novo coronavírus ao redor do mundo, não deve estremecer a relação entre Pequim e Brasília. Segundo Zeidan, a China, por tomar decisões de longo prazo, “diferencia governo de Estado”.

“O governo chinês é pragmático e enxerga o Brasil como sempre, como um exportador de vários produtos, não só alimentos e minério de ferro”, destaca. “Sem comércio internacional, o crescimento chinês não seria o que é nos últimos 30 anos”, complementa.

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By Negócio em Alta

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