Beatriz Queiroz, de 23 anos, era a única profissional que conhecia a linguagem de sinais em unidade de saúde de Guarujá. Paciente estava no posto sem necessidade. Técnica de enfermagem aprendeu a linguagem de sinais ainda na infância.
Divulgação/Prefeitura de Guarujá
Uma técnica de enfermagem ‘resgatou’ uma paciente com deficiência auditiva ao conseguir se comunicar por meio da linguagem de sinais, em uma tenda montada para atendimento exclusivo a casos suspeitos do novo coronavírus em Guarujá, no litoral de São Paulo. A mulher, que corria risco de contaminação, estava apenas com dor nas costas, mas não era compreendida por outros funcionários.
Beatriz Queiroz, de 23 anos, está trabalhando no posto volante para atender a casos suspeitos de Covid-19 montado em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vicente de Carvalho.
Quando surgiu uma paciente com deficiência auditiva, nenhum outro profissional conseguia entendê-la. Foi quando Beatriz foi chamada para fazer a intermediação. “Não conseguiam pegar o endereço dela e, além disso, ela estava no lugar errado”, conta.
“Ela estava apenas com dores nas costas, mas a encaminharam para atendimento no posto [para casos suspeitos de Covid-19]. Era uma coisa muito simples. Ela estava correndo risco de contaminação naquele lugar”, diz.
Após a conversa, ela ainda acompanhou a mulher durante a consulta, para fazer a tradução entre médico e paciente.
Profissional relata que mulher estava apenas com dores nas costas.
Divulgação/Prefeitura de Guarujá
A técnica de enfermagem teve contato pela primeira vez com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda na infância, quando cansou de se comunicar por meio de um caderno com colegas de classe que tinham a deficiência.
“A gente sempre conversava escrevendo em um caderno, mas eu não gostava. Eles foram tentando, aos poucos, me ensinar Libras. Me interessei e comecei a estudar”, conta.
Ela procurou aulas e convenceu o pai a acompanhá-la. O pai acabou se interessando ainda mais e se especializou na linguagem de sinais. “Ele acabou virando professor de Libras e, em algum momento, cheguei até a fazer aulas com ele para praticar”.
Beatriz ainda lembra da primeira vez que precisou usar a linguagem de sinais durante um plantão. “Um senhor estava internado na UTI fazendo muitos gestos. Me chamaram para tentar entender o que ele estava fazendo”, diz.
“Quando cheguei ao leito, percebi que ele estava cantando um louvor”, recorda. “Cheguei perto e começamos a conversar. Ele ficou surpreso, mas muito contente de ter alguém para conversar durante aquele período”.
Beatriz avalia que mais pessoas deveriam saber a linguagem de sinais. “Ainda mais na área de saúde, porque algumas coisas dá para se comunicar, mas outras mais específicas não. Acaba prejudicando o paciente”.