Médicos alertam que é fundamental a captação dos órgãos para conter o tamanho da espera, mas cerca de 36% das famílias dizem ‘não’ na hora da doação dos órgãos. O estado de São Paulo voltou a fazer transplantes de córneas mais de seis meses desde o início da pandemia do coronavírus, que suspendeu as cirurgias e aumentou a fila de pacientes.
Com os números da Covid-19 em queda e com a flexibilização da quarentena para alguns setores, as cirurgias eletivas, aquelas que não são consideradas urgentes, foram retomadas.
A fila de espera, no entanto, que era pequena, hoje tem mais de 3.600 pacientes. De acordo com a Central de Transplantes do Estado, a fila de espera por córneas é a segunda maior de São Paulo, atrás apenas da demanda por rins, que possui mais de 13 mil pacientes.
Os médicos alertam que é fundamental a captação dos órgãos para conter o tamanho da fila de espera, mas cerca de 36% das famílias dizem “não” na hora da doação dos órgãos de um parente que faleceu.
“Dependemos da sensibilização de familiares para essa doação. Apesar do empenho, não depende só da Central de Transplantes para zerar essa fila. É preciso a participação de todo mundo para que essa fila seja a mínima possível”, disse Francisco de Assis Salomão Monteiro, coordenador da Central de Transplantes do Estado de São Paulo.
Há 10 dias, Cláudio dos Santos Sant’Ana fez o transplante de córnea, pelo qual aguardava havia um ano e três meses.
“Foi uma alegria que não tem como descrever porque eu tirei o tampão e consegui enxergar as coisas que não via. No dia seguinte da minha cirurgia eu passei com a doutora, ela fez os exames com as letras todas e eu consegui enxergar, coisa que eu não conseguia. Na hora que eu vi as letras com a minha visão foi muito gratificante mesmo, foi uma benção”, disse.