Produção industrial tem a maior queda em 18 anos

As fábricas brasileiras sentiram fortemente os efeitos econômicos da pandemia. Queda foi de quase 19% em abril na comparação com março, que já havia sido um mês ruim. Produção industrial tem a maior queda em 18 anos
As fábricas brasileiras sentiram o impacto forte da pandemia do novo coronavírus no mês de abril.
Foi o maior tombo da história da indústria em 18 anos, quando a medição começou a ser feita pelo IBGE: queda de quase 19% em abril na comparação com março, que já tinha sido um mês ruim.
O setor industrial que vinha patinando desde 2019 chegou a ensaiar uma recuperação leve nos dois primeiros meses do ano, mas durou pouco. Com a chegada da pandemia, a produção despencou.
Os únicos setores que conseguiram driblar as perdas foram aqueles ligados a áreas essenciais, como alimentos, produtos farmacêuticos e de higiene e limpeza, muito procurados por causa da pandemia do novo coronavírus.
De todos os segmentos pesquisados, o de veículos foi o que amargou o pior resultado: 88,5% de queda na produção. 63 fábricas em dez estados pararam totalmente no fim de março.
“É o pior número desde 1957. A gente fechou o mês de abril com praticamente quatro meses de estoque. É uma questão da parada da produção por conta da saúde, mas também por uma queda substancial na demanda”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Uma montadora que fica na região do ABC Paulista, ficou 70 dias parada. Retomou a produção esta semana, mas de forma gradual: apenas 30% dos trabalhadores retornaram e só em um turno.
Números muito ruins também para os setores de artigos de vestuário e produtos têxteis. Linha de produção parada, as máquinas de costura cobertas. São imagens de uma fábrica tradicional de calça jeans de São Paulo, que suspendeu a produção em abril. Todos os 140 funcionários foram demitidos.
“Realmente foi uma solução drástica, ruim, mas infelizmente foi a melhor solução para a questão de sobrevivência da empresa”, afirma Nelson Tranques Junior, gerente comercial da confecção.
O economista José Roberto Mendonça de Barros diz que o momento é angustiante para uma indústria que vinha fragilizada e a retomada, quando vier, vai ser gradual. “Temos que lembrar que todas as fábricas, para reabrir, tem que colocar em prática protocolos para ter cuidado com o vírus nos seus trabalhadores. E no mais das vezes, isso envolve diminuir a velocidade da linha de produção, ter grupos menores de trabalhadores, que significa que a própria capacidade de produção fica abaixo do normal por uma certa temporada. E a grande pergunta para todo mundo, para nós no Brasil também, qual será essa velocidade de resposta.”, afirma.

By Negócio em Alta

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