Empresário Maicon de Souza Evangelista acionou autoridades após abrir pacote e descobriu que mercadoria era goji berry. Material foi levado para laboratório federal e será incinerado. Morador de Guaíra, SP, recebe pacote com a chamada semente misteriosa da China
O empresário Maicon de Souza Evangelista, de Guaíra (SP), ficou assustado quando a mulher dele recebeu, sem pedir, uma caixa com 10 quilos de supostas sementes misteriosas chinesas. Ele acionou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e, depois, a Secretaria de Estado de Agricultura. Ficou aliviado quando as autoridades constataram que a mercadoria era goji berry, fruta vermelha cultivada no Tibete usada em dietas de emagrecimento.
“É uma coisa que não é normal. Ninguém comprou aquilo lá, ninguém pediu. Mas já ficamos aliviados quando vimos que era goji berry. Menos mal. Se fosse aquilo tudo de semente até a Nasa ia vir aqui”, diz.
Os produtos que chegaram para Maicon estão em análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia (GO), segundo o Centro de Defesa Sanitária Vegetal, da Coordenadoria de Defesa Agropecuária de São Paulo, seguindo o protocolo do governo.
Não há previsão para a divulgação dos laudos que vão mostrar se havia alguma substância química perigosa para o meio ambiente.
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Arquivo Pessoal
‘Ninguém mexeu na caixa’
A caixa com cinco pacotes de dois quilos cada de goji berry chegou a Guaíra no dia 20 de setembro.
Como estava junto com mercadorias usadas na empresa da esposa de Maicon e do cunhado dele, pedidas pela internet e vindas de São Paulo, o material não foi notado logo de cara. Quando perceberam, o sinal de alerta foi ligado.
“Conforme vão tendo as vendas, vai pegando as caixas para distribuir. Pegamos essa caixa sem as etiquetas da distribuidora e vimos que era uma caixa diferente. A gente abriu, viu as sementes e surgiu a dúvida. Ninguém mexeu na caixa”, conta.
O principal receio do empresário e da família dele é de que os produtos pudessem espalhar pragas nas plantações dos produtores rurais do município, como é o caso do pai de Maicon, que trabalha no ramo.
“Praga que vem internacional é tudo assim. Como é coisa de agricultura, resolvemos chamar as autoridades”, afirma.
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Orientação
Frederico Augusto dos Santos Ferreira, diretor do Centro de Defesa Sanitária Vegetal de São Paulo, afirma que a atitude de Maicon em chamar as autoridades e não mexer na caixa foi correta e está de acordo com o protocolo pedido pelo Ministério da Agricultura em casos desse tipo.
“Mesmo sendo uma planta que, aparentemente, não é nociva, ela pode trazer algum fungo, uma bactéria, uma praga que não exista no Brasil. Por isso que é preciso fazer uma análise para ver se não tem alguma coisa que cause riscos sanitários”, explica Ferreira.
Ele diz que toda mercadoria será incinerada após as análises em Goiás. Segundo o diretor, não é possível fazer um levantamento de quantas ocorrências já foram registradas em São Paulo.
O Ministério da Agricultura orienta que caso o cidadão receba as sementes em casa provenientes do exterior, entregue o material para uma das unidades do ministério do estado ou ao órgão estadual de defesa agropecuária.
O pacote também não deve ser descartado no lixo, a fim de evitar o contato das sementes com o solo, o que poderia causar prejuízos ao meio ambiente e para as áreas agrícolas.
Ao entregar as sementes adquiridas ou recebidas de remetentes desconhecidos, o cidadão não estará sujeito a penalidades. O mesmo vale para cidadãos que porventura tenham efetuado o plantio.
Investigações
Ao menos 181 denúncias sobre o recebimento de pacotes de sementes não solicitadas vindas de países asiáticos como China, Malásia e Hong Kong foram registradas pelo Ministério da Agricultura em 17 estados do Brasil.
Na quinta-feira (1º) a Embaixada Chinesa negou o envio e disse que vai colaborar com as investigações das autoridades brasileiras.
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Além disso, verificações preliminares constataram que as etiquetas de postagem dos pacotes apresentaram indícios de fraude, segundo a nota dos chineses.
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