'Nada substitui o contato': professores percorrem comunidades rurais do AM na pandemia por falta de internet


Cenário da pandemia exigiu reinvenção de profissionais e busca por novas maneiras para levar educação a todos. Professores falaram ao G1 sobre lições que aprenderam com o ano de 2020. Professores da Zona Rural de Manaus deixaram apostilas em casas de cada aluno durante pandemia.
Arquivo Pessoal
A pandemia do novo coronavírus trouxe um cenário de adaptação e mudanças para diferentes áreas e profissões. Entre elas, os responsáveis por levar educação para crianças, jovens e adultos: os professores. As aulas remotas, pela internet ou TV, foram alternativas para não perder o ano letivo da pandemia, porém a falta de internet e tecnologia prejudicou comunidades distantes da zona urbana.
O professor Bruno Corrêa dá aulas em uma escola para crianças de comunidades ribeirinhas na Zona Rural de Manaus. Como a localidade não possui acesso à internet, os profissionais tiveram que percorrer as casas de cerca de 80 estudantes para levar atividades impressas durante a pandemia.
“O nosso aprendizado com isso tudo é que, apesar de as ferramentas como a internet serem importantes, nada substitui o contato de um professor com o seu aluno. Isso foi uma grande lição que ficou desse ano de pandemia”, declarou ao G1.
Neste Dia do Professor (15), a categoria fixou cruzes no Complexo Turístico da Ponta Negra, em Manaus, com fotos de colegas que morreram com a doença. A homenagem aconteceu durante a manhã. Professores também contaram quais foram as principais mudanças no ensino – que agora ocorre além da sala de aula.
O Amazonas foi o primeiro estado do País a reabrir escolas em meio à pandemia. Em Manaus, cerca de 110 mil alunos do Ensino Médio voltaram às aulas presenciais no dia 10 de agosto, e 111 mil do Ensino Fundamental retornaram no dia 30 de setembro.
O professor Bruno conta que a pandemia pegou todos de surpresa, mas a união entre os educadores resultou em ideias e atitudes que deram certo no ensino dos alunos.
“Os professores tiveram que se adaptar nesse momento. Principalmente em dominar novas tecnologias. Na Zona Rural, o desafio foi maior. Além de não termos internet, as vezes não temos sequer energia, pois é racionada lá. Nós tivemos que fazer um material em apostila própria, imprimindo na cidade e íamos deixar nas casas de cada um dos alunos”, disse Corrêa.
Esperança também é lição
A professora Beatriz Calheiro, de uma escola da rede estadual de ensino de Manaus, ainda não foi possível experimentar a sensação de conclusão do ano letivo, comum nesses últimos meses do ano. Para ela, a esperança de momentos melhores é um dos sentimentos desse período.
“Tem um clima de frustração, mas, também tem um clima de esperança. Aqueles que ficaram, nós que sobrevivemos, os alunos, nós temos esperança na aprendizagem. Aprendemos a parte tecnológica, vivemos as adversidades, tudo isso faz parte da nossa profissão. Aprender com as adversidades da escola, mas aprender também com as adversidades do nosso tempo a como melhor colocar o nosso conteúdo dentro desta realidade”, disse a professora.
Professora da rede estadual de ensino, Vanessa Antunes, pede por valorização da categoria.
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Para a professora da rede estadual de ensino, Vanessa Antunes, os acontecimentos do ano foram inesperados e trouxeram uma nova realidade para os professores tanto dentro, como fora da sala de aula. Ela não concorda com o retorno das aulas presenciais, e lamenta que, neste ano, a data não deve ser comemorada.
“É um dia de reflexão, sobretudo, sobre a valorização do professor. Comemorar, não vamos conseguir. É um ano de muita perda e sofrimento. Estamos organizando para ir de branco para as escolas como representação de esperança”, finalizou a professora.
Agora é assim? As mudanças para a educação após a pandemia

By Negócio em Alta

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