A primeira parte da história do protesto desta terça teve atos pacíficos, com a cidade abraçando os manifestantes. Ao cair da noite, ladrões se aproveitam e fazem saques de lojas. Morte de George Floyd: Estados Unidos têm mais um dia de protestos contra o racismo
Nos Estados Unidos, os protestos contra a morte de George Floyd começaram mais cedo nesta terça-feira (2).
No sexto dia de manifestações em Nova York, flores: centenas delas, distribuídas pelos manifestantes, por onde eles passaram. Entregando flores, eles receberam de volta apoio.
Os motoristas parados não reclamaram e se juntaram aos gritos pedindo o fim do racismo, da violência policial contra negros, pedindo Justiça para George Floyd, morto por um policial branco em Minneapolis, e o estopim da revolta que agora toma conta do país.
Nesta terça (2), o protesto em Nova York começou mais cedo: às 10h30, horário mais apropriado para todas as idades. Homens estavam cobrindo uma loja para que ela não fosse depredada, mas o que eles estavam fazendo era apoiando os manifestantes. Quem foi tão aplaudido nos últimos dias, no combate à pandemia, nesta terça aplaudiu o combate ao racismo.
A primeira parte da história do protesto desta terça foi escrita de uma maneira linda, com atos pacíficos, com a cidade abraçando os manifestantes. Mas, conforme o dia foi avançando, veio a pergunta: como essa história vai terminar? Nos últimos dias, o roteiro tem se repetido. Quando a noite se aproxima, tudo começa a mudar.
As pessoas cruzando as ruas de Nova York e eles vão surgindo por todas as partes, por todos os lados. À medida que a noite vai chegando, a situação começa a ficar um pouco tensa. Separados da marcha, se espalhando, os bandos começam o ataque.
“Os grupos que se dispersaram estão em várias ruas no entorno aqui da Union Square. Um passou em frente de uma loja que estava com tapume protegendo. Entraram em uma loja uma farmácia e loja de produtos de conveniência. Vários entraram, como a gente pode ver agora, estão retirando produtos lá de dentro, outros vão chegando ao local aos poucos. Mais de cinco minutos que eles começaram essa ação de saque, e ainda não apareceu um policial sequer”, contou o repórter Ismar Madeira.
Lojas de marcas caras, de grifes de luxo em áreas nobres e turísticas são as mais visadas. Como as da famosa Quinta Avenida. “Quebrar vitrines, entrar nas lojas, roubar roupas, telefone, computador. Eles já estão fazendo isso há uns cinco quarteirões. Nenhum policiamento, os policiais provavelmente estão acompanhando os manifestantes da manifestação verdadeira e aqui a gente vê um grupo de vândalos agindo”, contou a repórter Carolina Cimenti.
Muitos dos ladrões nem acompanham o protesto. Rondam a cidade de carro. Quando encontram a oportunidade, descem, quebram, pegam o que puder e fogem novamente nos carros. Os repetidos flagrantes, sem nenhuma interferência, geraram críticas à polícia de Nova York, de que ela teria se retirado e deixado o caos tomar conta das ruas.
Nesta terça, o chefe da polícia negou, disse que sim, há muitos vídeos de saques, mas que quase 700 pessoas foram presas por esses crimes.
O prefeito Bill de Blasio aumentou o toque de recolher. A partir desta terça, ele vigora das 20 horas às 5 horas, até domingo (7). Em Buffalo,
norte do estado de Nova York, um carro avançou sobre um grupo de policiais, deixando dois feridos. Em St. Louis, no Missouri, o protesto que foi pacífico durante o dia terminou em ataques a tiros contra policiais: quatro foram feridos.
Nesta terça (2), em Minneapolis, a filha de Floyd, de seis anos, estava ao lado da mãe quando ela disse: “Ele nunca vai ver a filha crescer, se formar. E se ela tiver um problema e precisar de um pai, ela não tem mais um pai”.