Galpão pegou fogo e açúcar derretido atingiu rios; 13 toneladas de peixes morreram e casas foram invadas pelo melaço em 2013, em Santa Adélia (SP). Rua próxima ao galpão foi interditada após melaço invadir todo o local
Marcos Lavezo / G1
A Justiça negou o pedido da empresa Agrovia S/A para cancelar a multa de R$ 15 milhões aplicada há 7 anos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) devido ao derramamento de toneladas de açúcar caramelizado nos rios São domingos e Turvo, em Santa Adélia (SP), em 2013.
Na época, o galpão onde 30 mil toneladas do produto eram armazenadas foi atingido por um incêndio, que durou cinco dias para ser controlado pelos bombeiros. O fogo fez grande quantidade de açúcar derreter. Com isso, o melaço invadiu casas, poluiu rios e matou milhares de peixes.
Segundo a Justiça, a parte do açúcar que foi queimada e atingiu os rios causou perda total de oxigênio durante sete dias em uma extensão de 100 quilômetros. Ao todo, 13 toneladas de peixes morreram.
Em 2017, após quatro anos do incêndio, O Ministério Público chegou a informou que a empresa havia concordado em assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) onde se comprometia a pagar o valor da multa, reajustado.
A reportagem TV TEM procurou a empresa para comentar a decisão sobre manter a multa, mas o responsável não foi encontrado.
Justiça mantém multa de R$ 15 milhões por vazamento de toneladas de açúcar em rios
‘Cachoeira de caramelo’
Parte do açúcar queimado ficou perto das casas
Marcos Lavezo / G1
Assim que o galpão foi atingido pelas chamas, em pouco tempo o açúcar derretido transbordou o muro do armazém e formou uma “cachoeira de caramelo” que atingiu ruas e casas.
“A gente tinha que andar descalço, o caramelo só não entrou na minha casa porque meu marido fez uma barreira de terra”, disse na época a aposentada Cleudina Zan Rossi.
GALERIA DE FOTOS: Veja imagens de Santa Adélia após ‘cachoeira de caramelo’
Uma barreira de terra foi montada em frente às casas para impedir o avanço do líquido. A força do açúcar derretido e a temperatura alta ameaçava derrubar um dos muros do armazém que ajudava a conter o produto.
Na época, a empresa que administrava o local disponibilizou hotel para os moradores. Uma empresa foi contratada para fazer o transbordo do caramelo até uma usina.
O fogo no local foi controlado após cinco dias, mas o prejuízo ambiental avançou com o incêndio. O melaço atingiu 300 quilômetros dois rios na região e toneladas de peixes morreram. Muitos tentaram sobreviver chegando à superfície para respirar.
“O açúcar, através de suas reações químicas, retira o oxigênio da água. Segundo medições da Cetesb, o oxigênio aqui na água chegou a zero miligramas por litro, ou seja impróprio para a vida”, explicou na época o tenente da Polícia Ambiental Alonso Ferreira da Silva.
Incêndio durou dias em Santa Salete
Marcos Lavezo/G1
Para tentar salvar os peixes, a Polícia Ambiental, pescadores da região e a Cetesb se uniram em uma força tarefa.
Os policiais usaram redes e tarrafas para capturar os peixes. Depois, eles eram colocados em um caminhão com água e oxigênio artificial e os peixes eram levados para a parte de cima do rio, onde não havia contaminação.
Policiais ambientais retiram peixes mortos de rios
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“O episódio foi um dos mais intensos e extensos do interior de São Paulo. Praticamente 1,5 mil toneladas de açúcar caramelizado atingiram o rio São Domingos e rio Turvo, provocando uma multa de R$ 15 milhões à Agrovias que, por sua vez, também deveria reparar o dano. Ao que consta com o Ministério Público, não reparou”, afirmou em 2017 o engenheiro sanitarista da Cetesb José Mário Ferreira de Andrade.
Em janeiro de 2016, a empresa encerrou as atividades em Santa Adélia. Em nota, a Agrovias informou que tomou a decisão por questões de mercado.
Galpão foi tomado pelo fogo por 5 dias, em Santa Adélia
Reprodução/TV TEM
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