Homem é atacado por cão da raça Pit Bull em pista de cooper do DF e policial aposentado atira no animal


Policial civil da reserva afirma que saiu em defesa da vítima e que foi agredido por PM. Militares negam a versão. Corpo de Bombeiros atua em ocorrência de ataque de cães da raça Pit Bull
Corpo de Bombeiros/Divulgação
Um homem de 45 anos foi atacado por um cachorro da raça Pit Bull que corria solto sem focinheira na manhã deste sábado (9), em pista de cooper na Vila Planalto, em Brasília. Ele conseguiu se soltar após um policial civil aposentado atirar contra o animal.
A vítima foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Hospital de Base com mordidas em diversas partes do corpo, mas consciente e orientado. Já o policial aposentado, Carlos Alberto Brandão de Andrade, 55 anos, foi levado pela Polícia Militar à 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), onde o caso foi registrado como legítima defesa.
Ao G1, Andrade afirmou que “agiu em defesa da vítima” e que criticou a conduta do PM que esteve no local para atender a ocorrência. “Ele me deu um mata-leão e tomou minha arma” disse.
A Polícia Militar militar não confirmou a agressão e afirmou, em nota, que a abordagem “seguiu trâmites legais” (entenda mais abaixo).
Ataque
De acordo com os bombeiros, o caso ocorreu por volta das 10h30. A vítima relatou à equipe que estava caminhando na altura da rua 1, na Vila Planalto, quando foi surpreendido por dois cachorros que estavam correndo soltos no local sem focinheira. Um deles o atacou com mordidas no pescoço, tórax, mão e antebraço.
O homem contou aos bombeiros que um casal que passava pelo local tentou ajudar mas não conseguiu fazer com que o animal o soltasse.
Andrade, policial aposentado, afirmou que estava próximo ao local quando viu os dois cachorros da raça Pit Bull correr em direção à pista de cooper, e um deles atacar o homem. Sem nenhum responsável pelos animais por perto.
“Primeiro, eu atirei duas vezes para cima, mas o cachorro continuou atacando, só então eu atirei nele. O homem estava todo machucado, com o braço dilacerado”, conta.
Ainda de acordo com Andrade, o segundo cão fugiu após os disparos.
A Polícia Civil identificou o dono dos cães, um homem de 27 anos. Segundo a corporação, ele foi encaminhado para a 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), onde prestou depoimento e foi liberado após assinar termo de comparecimento.
De acordo com a Polícia Militar, “o dono cão disse estava em casa e que não sabia como o cachorro havia se soltado”.
Já a Polícia Civil, não deu detalhes sobre o depoimento do responsável pelos animais. À reportagem, a corporação informou que ele não registrou ocorrência contra o policial.
Agressão
O policial civil aposentado afirmou ao G1 que, após atirar no cão, permaneceu no local para reunir testemunhas enquanto a vítima foi levada a um quartel do Corpo de Bombeiros na via N1, a cerca de 2 quilômetros do local. Neste momento, uma equipe da Polícia Militar chegou ao local e o abordou após conversar com testemunhas.
“Ele [um policial militar] ignorou o fato de eu ter agido para defender o cidadão. Eu tentei explicar e ele ignorou. Não quis saber de nada. Simplesmente investiu contra minha cintura, me deu um mata-leão e tomou minha arma. Ele estava destemperado”.
Segundo Andrade, a agressão ocorreu após ele informar que era policial civil aposentado e, sem seguida, virar as costas para buscar documentos pessoais no seu carro, que estava próximo ao local.
Ao G1, a Polícia Militar negou que houve agressão. “Ele foi imobilizado pelos braços e desarmado ”, afirmou.
Ainda de acordo com a PM, a arma do policial civil “ficou apreendida na delegacia de polícia por estar com irregularidade administrativa” (veja nota na íntegra ao final da reportagem).
Já de acordo com Andrade, a arma foi recolhida apenas “para os trâmites da investigação”.
O G1 questionou a Polícia Civil sobre quais procedimentos foram adotados com Andrade na delegacia, em nota, a corporação respondeu que “O caso foi de legítima defesa. Não houve registro contra o policial” (veja nota na íntegra ao final da reportagem).
Repercussão
O Sinpol-DF, sindicato que representa os policiais civis, divulgou uma nota de repúdio contra a Polícia Militar. A entidade defende que os policiais militares sejam autuados em flagrante de abuso de autoridade.
O comunicado cita que os PMs “mudaram” o comportamento após ter conhecimento de que Andrade é um policial civil aposentado.
“Assim que ele se dirigia para o carro, os policiais militares lhe aplicaram uma gravata no pescoço, sem que ele oferecesse qualquer tipo de conduta contrária a lei penal”
Outro lado
Veja a nota na íntegra da Polícia Militar:
Uma equipe policial do 6º Batalhão foi acionada para atender ocorrência de disparo de arma de fogo em via pública, por volta das 10h14 deste sábado (9), no acampamento Tamboril, Vila Planalto.
No local, a equipe se deparou com o autor do disparo. O homem não queria ser abordado pelos policiais militares e disse que era policial civil. Os policiais militares deram uma ordem legal para ele apresentar o documento de identificação funcional para comprovação. O abordado disse que estava sem o documento em mãos e deu as costas para a guarnição. Diante da desobediência, ele foi imobilizado pelos braços e desarmado.
De acordo com as testemunhas, o autor dos disparos passava pelo local e interferiu, utilizando sua arma para proteção de duas pessoas atacadas pelo cão. Houve disparo de arma de fogo em via pública e o cão foi morto em legítima defesa de outrem.
A primeira vítima do pit bull, um senhor de idade, fazia caminhada quando foi surpreendido pelo cão. Este foi conduzido pelos Bombeiros ao Hospital de Base. A segunda vítima também foi ferida ao tentar salvar o senhor de idade. Este foi levado por populares ao quartel dos Bombeiros mais próximo. O dono cão disse estava em casa e que não sabia como o cachorro havia se soltado.
Seguindo os tramites legais, o policial civil por ter efetuado disparo em via pública foi conduzido à 5ª DP para registro da ocorrência. A arma de fogo do policial civil, uma pistola Taurus, calibre 380, com quatro munições, ficou apreendida na DP por estar com irregularidade administrativa. A ocorrência ficou registrada por disparo de arma de fogo em via pública, lesão corporal contra o dono do cão e falha na guarda ou cautela do cão.
Veja a nota na íntegra da Polícia Civil:
O caso foi de legitima defesa. Não houve registro contra o policial. A Direção vai aguardar o desenrolar e conclusão dos fatos para, se necessário, ulterior manifestação.
Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

By Negócio em Alta

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