Morador do bairro de Periperi, em Salvador, Leandro Potoja afirma que ele mesmo precisou realizar procedimentos adequados no tio de 78 anos. Homem denuncia Samu por se recusar a atender tio idoso
Um morador do bairro de Periperi, em Salvador, acusou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de se negar a atender o tio dele por suspeitar que idoso estava infectado pelo coronavírus.
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De acordo com Leandro Potoja, o tio de 78 anos, identificado como Jurandir, teve um mal-estar e começou a tremer as mãos. Quando a equipe do Samu chegou, se recusou a encostar no idoso.
Leandro conta que, por isso, precisou fazer todo o procedimento ele mesmo.
“Eu que tive que colocar o termômetro, o oxímetro, porque eles estavam com medo de colocar”, relata.
Ainda segundo Leando, a profissional que atendeu ao chamado teria decidido acionar uma equipe preparada para lidar com pacientes com suspeita de Covid-19, procedimento considerado adequado nesses casos.
O problema é que essa ambulância teria ido embora antes da chegada da outra equipe. Esse não é o procedimento padrão, de acordo com Ivan Paiva, coordenador de atenção as urgências de Salvador.
“Não é o procedimento padrão. A gente está tomando conhecimento através dessa matéria. O procedimento deve ter sido adotado por um profissional técnico de enfermagem. A médica que estava atendendo estava no telefone. Logo ela identificou a necessidade de uma unidade de suporte avançado, diante da suspeita de Covid-19. Aí sim, uma unidade com suporte médico, com médico e enfermeiro, foi encaminhada essa unidade que, em função de ser Covid-19, a equipe precisa se paramentar com todos os equipamentos dentro do padrão de proteção individual”, afirmou.
Homem acusa médicos do Samu de negar atendimento a idoso por temer infecção por coronavírus
Reprodução/TV Bahia
Depois que a ambulância foi embora, Jurandir voltou a passar mal e foi socorrido pelo próprio sobrinho, como conta Leandro.
“Ele já estava espumando. Eu tentei apertar por trás, mas ele não reagia. Foi quando eu botei ele de lado no chão, foi quando ele começou a respirar normalmente”
Quando eles foram embora, eu liguei novamente para a SAMU, e foi quando a médica me chamou de mentiroso. Eu falei que tinha feito umas gravações, e ela disse que não tinha medo de gravação.
Jurandir já está em casa e estável. Mas Leandro afirma que se sentiu revoltado com a situação.
“Me senti enganado e triste com a situação, e a os mesmo tempo revoltado”, disse.
O coordenador de atenção as urgências de Salvador condenou a atitude da equipe que atendeu ao chamado em Periperi.
“Mesmo as unidades de suporte básico têm luvas, têm máscara, tem ósculos, que são os equipamentos que conferem uma proteção para executar esse tipo de procedimento”.
Aferição de temperatura pode ser feita por qualquer profissional, desde que esteja com luva, máscara e óculos. Obviamente serão identificados para serem reorientados.
De acordo com Ivan Paiva, as doenças que provocam falta de ar no paciente precisam ser encaradas como suspeita de Covid-19, por isso todas as medidas de proteção precisam ser adotadas pela equipe do SAMU.
“Muitas patologias, como infarto, AVC, diabetes, terminam no seu curso natural, independentemente dessa época de Covid-19, na falta de ar. E são sintomas também que acontecem quando o paciente tem suspeita de Covid-19. Então até que se prove que o paciente tem ou não, todas as medidas precisam ser adotadas, porque não temos como garantir que aquela falta de ar é decorrente, por exemplo, de um problema no coração, ou se é de infecção por Covid-19”, afirmou.
Ele salienta isso tem causado dificuldade até mesmo às unidades que recebem os pacientes atendidos pelo SAMU.
“Isso tem nos trazido dificuldade na avaliação inicial, porque dentro de uma ambulância, a gente não tem como fazer exames ou algum outro tipo de procedimento que possa fazer essa identificação. Nós temos tratado a todos e há uma dificuldade até da própria rede que recebe os pacientes do SAMU”, afirmou.
Os pacientes que são atendidos pelo SAMU são depois encaminhados para uma UPA ou para um hospital, então a gente precisa definir se é um paciente que tem uma suspeita de Covid-19, se ele vai para um leito especializado, ou para um hospital especializado em cardiologia.
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