BH testa população em massa, enquanto servidores da saúde pedem ampliação de exames de Covid-19


Para testagem em massa, são utilizados os testes rápidos, que devem ser aplicados sete dias após aparecimento dos sintomas e são indicados para verificar a imunidade da população. Já os servidores que trabalham nos centros de saúde reivindicam acesso a outro exame, o PCR, que é o indicado para diagnóstico da Covid-19. BH amplia testes rápidos para população através do inquérito sorológico
Ascom/SMS
Belo Horizonte recebeu 75 mil testes rápidos para ampliar a testagem de Covid-19 enviados pelo Ministério da Saúde à Minas Gerais. A capital mineira, que ficou com quase 10% de todo o volume destinado ao estado, priorizou a utilização dos testes na realização do inquérito sorológico, que vai verificar a disseminação do vírus na cidade. Mas, enquanto a testagem em massa é feita com os testes rápidos, servidores que atuam na área da saúde reivindicam acesso de todos os sintomáticos ao exame indicado para o diagnóstico, o chamado PCR.
O G1 mostrou, nesta quarta-feira (3), que várias cidades do interior de Minas já receberam os testes rápidos enviados pelo governo federal, mas em quantidade inferior ao necessário para fazer uma testagem ampliada. Taquaraçu de Minas, por exemplo, recebeu 20 testes rápidos para uma população de 2.500 habitantes. Muitas tiveram que investir em aquisição de novos itens para testar mais pessoas, como Betim e Mariana.
Os testes rápidos devem ser aplicados após o sétimo dia de início dos sintomas de Covid-19, para verificar a presença de anticorpos. A recomendação das autoridades de saúde federal e estadual é a utilização em profissionais de saúde e da segurança pública que apresentarem sintomas, mas, segundo o Ministério da Saúde, as cidades têm autonomia para decidir como serão utilizados.
BH optou por fazer o inquérito sorológico, que iniciou no final de maio e tem previsão de durar 45 dias. O infectologista que participa do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte, Carlos Starling, defende que esta é a melhor utilização.
“Os testes rápidos devem ser utilizados para inquéritos sorológicos. Primeiro, você pega uma amostra da população, que seja bem escolhida, representativa e testa as pessoas. Uma semana depois, dez dias depois, estas pessoas são novamente testadas ou outras pessoas são testadas. Você pega quantos viraram positivos e vê a diferença de um período para outro. É para verificar como está indo a imunidade da população e, não, para diagnósticos”, falou.
O primeiro grupo a ser testado é dos trabalhadores da saúde pública e privada. Em seguida, passarão pelos testes os trabalhadores do transporte coletivo e, por último, atendentes e caixas de supermercados, padarias, farmácias e drogarias da capital.
Estes grupos foram escolhidos, inicialmente, porque são formados por profissionais que não podem participar integralmente do afastamento social, ou seja, estão mais expostos ao novo coronavírus, mesmo com medidas protetivas. As informações obtidas a partir da realização dos testes ajudarão nas decisões em relação à retomada de atividades que não estão em funcionamento no município.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cada participante do inquérito será testado três vezes, com intervalo de 14 dias, para comparação da presença dos anticorpos e, por consequência, a intensidade de transmissão da doença nesses segmentos.
Etapas do inquérito
Nesta primeira etapa do inquérito serão realizados cerca de 30.000 testes, sendo 10.000 em cada etapa. Os profissionais de saúde dos Centros de Saúde e das UPAs fazem, ao longo desta semana, a segunda testagem.
Ainda segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a testagem de profissionais da saúde que atuam em hospitais começaria na semana passada, mas precisou ser reprogramada, porque houve necessidade de reavaliação da lista de profissionais enviada pelas instituições.
A Secretaria informou que já recebeu as listas de trabalhadores que atuam como atendentes e caixas de supermercados, padarias, farmácias e drogarias da capital e está organizando a programação para realização da testagem nesse grupo.
A previsão de conclusão do Inquérito é no final do mês de julho. Ainda de acordo com a Secretaria, os resultados só serão divulgados após todos os grupos serem testados e os dados estiverem consolidados. Há expectativa de recebimento de mais testes rápidos e, de acordo com o quantitativo recebido, serão incluídas outras categorias profissionais no inquérito sorológico.
Faltam testes para diagnóstico de servidores da saúde
Funed é o laboratório de referência para exames PCR da capital mineira e do estado
Karol Avelino / Divulgação
O Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) disse que reconhece e apoia a pesquisa sorológica, mas pede à prefeitura empenho na ampliação de testes do tipo PCR para todos os profissionais que trabalham nas unidades de saúde.
Esse tipo de exame é mais adequado para casos suspeitos, pois identifica a presença do vírus, enquanto o teste rápido só verifica quem já teve contato e produziu anticorpos.
“Os testes para diagnosticar são só para quem está na linha de frente, que são os técnicos de enfermagem, enfermeiro e médicos. Mas tem outros profissionais, os ACS [agente comunitário de saúde], os ACEs [agente de combate à endemias], do administrativo, da recepção, que não são testados. O protocolo da prefeitura é: se o profissional sentiu que tá gripado, vai para casa. E volta dias depois, sem fazer o teste”, afirmou o presidente do sindicato, Israel Arimar.
Além de ampliar os testes para os profissionais sintomáticos, o Sindibel pede à prefeitura que amplie para aqueles trabalhadores que tenham contato, em casa, com pessoas suspeitas ou confirmadas para Covid-19, mesmo que assintomáticas.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que “busca viabilizar suporte laboratorial para exames de PCR para atender todos os trabalhadores visto que nesses casos é necessário um teste com resultado que possa atestar a presença do Covid-19 após 3 dias de sintoma”.
Já entre os trabalhadores que atuam na assistência direta aos usuários, foram testados 2.034 profissionais. Destes, 117 testaram positivos, 1792 negativos e 125 permanecem em investigação.
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By Negócio em Alta

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