Advogado Rodrigo Tacla Duran foi alvo da Lava Jato e está foragido. Em nota, Moro afirmou que delação já havia sido arquivada, por falta de provas. O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu retomar a negociação de um acordo de delação premiada com o advogado Rodrigo Tacla Duran, que atingiria um amigo do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Duran é foragido da Justiça e teve sua proposta de delação rejeitada pela Operação Lava Jato em 2016.
A retomada das negociações para uma nova tentativa de delação foi divulgada pelo jornal “O Globo” e confirmada pela TV Globo.
O advogado foi apontado pela força-tarefa da Lava Jato como um operador financeiro da Odebrecht no exterior. Ele foi alvo da 36ª fase da operação em novembro de 2016, mas estava fora do país.
No mesmo ano, tentou um acordo de delação premiada para reduzir o valor da multa aplicada pela Justiça, de R$ 55 milhões.
Na época, Duran acusou o advogado Carlos Zucolotto, amigo pessoal do então juiz Sergio Moro, de ter recebido R$ 5 milhões de dólares para ajudá-lo a obter vantagens no acordo de delação.
A procuradoria-Geral da República investigou as denúncias e arquivou o caso em 2018, argumentando que não ficou comprovada a prática de crimes.
O vice-procurador geral da República à época, Luciano Mariz Maia, afirmou na decisão de arquivamento que “nada comprova negociação espúria entre os representados e Rodrigo Tacla Duran, por intermédio de seu advogado, muito menos com participação do advogado Carlos Zucolotto Júnior”.
Segundo o jornal “O Globo”, as conversas para uma nova delação surgiram há aproximadamente três meses, antes do rompimento entre Moro e Bolsonaro. Porém, avançaram mais recentemente e, no início de maio, foi assinado um termo de confidencialidade para formalizar a fase preliminar das tratativas de acordo.
A reportagem de “O Globo” afirma que Tacla Duran decidiu procurar Augusto Aras para uma nova tentativa de acordo por acreditar que o novo procurador-geral não está alinhado com os procuradores da Lava-Jato e, por isso, estaria disposto a ouvi-lo.
Tacla Duran é alvo de três processos na Justiça Federal do Paraná. Em março deste ano, a Justiça deu início aos procedimentos para tentar citá-lo na Espanha, onde o advogado mora atualmente. Até o momento, Tacla Duran não foi condenado em nenhuma das ações.
Procurada, a PGR informou que não se manifesta sobre negociações de delação.
Nota de Moro
O ex-ministro e ex-juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, reagiu à decisão da Procuradoria -Geral da República de retomar o processo de delação.
Em nota, Moro afirmou que “os relatos de Rodrigo Tacla Duran sobre a suposta extorsão que teria sofrido na operação Lava Jato, com envolvimento de um amigo pessoal, Carlos Zucolotto Júnior, já foram investigados na Procuradoria-Geral da República e foram arquivados em 27/09/2018, com parecer do então vice-procurador-geral da República”.
Na ocasião, segundo Moro, “o relato não verdadeiro prestado por acusado foragido do país teve o destino apropriado: o arquivamento. Como sempre frisei, ninguém está acima da lei, por tal razão, disponho-me a prestar qualquer esclarecimento que se vislumbre necessário sobre os fatos acima”.
Moro disse ter ficado indignado com a retomada dos diálogos da PGR com Duran justo no momento em que deixou o governo Bolsonaro.
“Contudo, causa-me perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro, e que já havia sido arquivada em 2018, tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela atual gestão da procuradoria-geral da República logo após a minha saída, em 22/04/2020, do governo do presidente Jair Bolsonaro.”
Moro conclui: ” Lamento, outrossim, que mais uma vez o nome de um amigo seja utilizado indevidamente para atacar a mim e o trabalho feito na operação Lava Jato, uma das maiores ações anticorrupção já realizadas no Brasil. “