Única unidade aberta até aqui foi construída pela rede privada, mas será integrada ao SUS. Mil pacientes estão na fila com coronavírus, sendo 361 estão em estado grave. Hospital de campanha no Leblon , erguido por empresas privadas, foi primeiro e único a ser inaugurado;
FOTO: Mauricio Bazilio
A promessa do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), de entregar até esta quinta-feira (30) 1,8 mil leitos, espalhados em nove hospitais de campanha, não foi cumprida. Até agora, o único que está funcionando foi construído pela rede privada no Leblon – e ainda com só 42 dos 200 leitos prometidos em operação.
As vagas foram anunciadas para desafogar os casos de coronavírus na rede de saúde. Até esta sexta (1º), quando os quase dois mil leitos já deveriam estar disponíveis, o estado tinha mais de mil pacientes com coronavírus necessitando de uma vaga em UTI ou enfermaria – 361 em estado grave.
Médicos relatam que, pela falta de respiradores, precisam escolher qual paciente vai sobreviver. Também no dia em que os hospitais deveriam ser inaugurados, a Globonews mostrou que o estado só recebeu 52 dos mil respiradores que serão usados para pacientes em estado grave.
Construído pela Rede D’Or em 19 dias, o Hospital de Campanha Lagoa-Barra é o único aberto e foi inaugurado no sábado (25). A equipe de reportagem questionou porque, apesar da promessa feita pelo governador, as demais vagas não estão abertas. Até a publicação, não houve resposta.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que os 1,8 mil leitos prometidos serão “disponibilizados de forma gradativa ao longo do mês de maio”.
A nova promessa prevê o hospital do Maracanã na próxima semana e os de Nova Iguaçu e de Duque de Caxias até o dia 15.
Promessa
Witzel prometeu hospitais de campanha até 30 de abril
A promessa dos oito hospitais foi feita em entrevista coletiva em 30 de março, como é possível ver no vídeo acima, e reforçada em um comunicado enviado à imprensa naquela data.
“Nós estamos abrindo oito hospitais de campanha, totalizando mil e oitocentos leitos. Cada um terá 200 leitos, exceto Maracanã, sendo 40 de UTI (…). As unidades serão inauguradas até 30 de abril.”.
Na ocasião, Witzel enumerou as seguintes unidades:
Maracanã
Jacarepaguá
Leblon
Duque de Caxias
São Gonçalo
Campos
Casemiro de Abreu
Gericinó
Obras sob suspeita
Há duas semanas, o G1 mostrou que a aquisição dos hospitais de campanha têm uma série de indícios de irregularidades, como proposta plagiada e concorrente fantasma.
A vencedora, que é proibida de contratar com a prefeitura por irregularidades, vai construir seis hospitais. Após a reportagem, o governador determinou a investigação.
Dias após prometer as oito unidades, o governo do estado disse ainda que construiria uma unidade em Nova Friburgo e uma estrutura modular em Nova Iguaçu. Ambas também não estão abertas, com previsão de inauguração na segunda semana de maio.
A equipe de reportagem entrou em contato com o governo questionando o porquê do atraso e solicitando um cronograma de inaugurações, mas a resposta foi dada pela pasta de Saúde. A programação completa não foi enviada.
A nota diz ainda que o planejamento dos hospitais foi “baseado em análise técnica, além da viabilidade de localização, e que os pacientes serão encaminhados para essas unidades via Central Estadual de Regulação”. A Saúde afirma ainda que já abriu 724 leitos para pacientes de Covid-19.
Paralelamente, a Prefeitura do Rio também construiu um hospital de campanha. A unidade fica no Riocentro e será aberta nesta sexta.
Também serão entregues um hospital na Fiocruz, do governo federal, e outros dois em Niterói e Caxias, bancados pelas prefeituras.
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