Raimunda Maria Evangelista dos Santos é professora há vinte anos. Raimunda representa professores que dedicam a vida à educação
Raimunda Maria Evangelista dos Santos é professora em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “O verbo desistir para mim não existe. Eu tiro ele da minha gramática”, disse a educadora ao MG1 nesta quinta-feira (15).
A professora nasceu em Belém do Pará e veio para Minas Gerais, sozinha, em busca de oportunidades. Raimunda nunca conheceu sua família biológica. Quando as senhoras que a criaram morreram, a menina foi encaminhada para a antiga “Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor” (Febem).
“Se você perguntasse: ‘Você é filha de quem?’, eu respondia ‘Eu sou filha de ninguém’. Eu não tinha pai, mãe. Eu morava de favor aqui, ali, não dava pra me manter. Eu comecei a catar latinha. Fiquei tão perita em catar lata que 60 latinhas davam 1 kg certinho. Como eu vim pra Minas? Sonhando”, contou.
Adolescente, foi doméstica e se mudou para Belo Horizonte para ser babá de uma família, mas acabou ficando sem emprego. Nesta época, sem casa, morou na rua, catava papelão e capinava lotes por R$ 1 o dia para sobreviver.
Professora Raimunda dedica a vida à educação
Raimunda Maria Evangelista dos Santos/Arquivo pessoal
Então surgiu uma vaga para morar em um abrigo na Região de Venda Nova e, depois disso, ela conseguiu um emprego para trabalhar fazendo pesquisas de opinião. Fez o supletivo, formou-se no magistério e foi para Sabará, onde prestou um concurso público para professora.
“O primeiro abraço que eu recebi na vida foi da minha primeira professora. Foi uma pessoa que me deu um beijo no meu rosto, foi a minha primeira professora. Quem acreditou em mim foi a minha primeira professora”, relembrou.
Raimunda dos Santos nasceu em Belém do Pará e se mudou para MG em busca de oportunidade
Reprodução/TV Globo
Vinte anos depois, Raimunda percebe que tudo valeu a pena. Ela leciona na Escola Municipal Maria Aparecida Batista e faz de tudo para que os alunos se sintam forte para enfrentar as dificuldades. Eles aprendem muito mais do que português e matemática.
“Trouxe a memória da minha professora, o que ela falava pra mim: ‘Você é capaz, você vai conseguir’ e assim eu faço com meus alunos. Da forma que foi feito comigo eu procuro fazer até hoje. O que a gente constrói dentro da criança é pra vida toda. Ela tem que acreditar que é capaz”, finalizou.
Vídeos mais vistos do G1 MG na última semana: