Brasil completa 18 dias sem titular no Ministério da Saúde

O ministro interino, Eduardo Pazuello, não disse até agora, por exemplo, qual o seu plano para ampliar a testagem no Brasil considerado fundamental para orientar as políticas públicas. Nesta terça, ao ser questionado sobre os enlutados pela Covid-19, Bolsonaro disse: ‘Lamento todos os mortos, mas é o destino de todo mundo’. Brasil completa 18 dias sem titular no Ministério da Saúde em meio à pandemia
O Brasil completou, nesta terça (2), 18 dias sem um titular no Ministério da Saúde.
Eduardo Pazuello assumiu como ministro interino da Saúde em 15 de maio, depois da demissão de Nelson Teich, e no cargo, nunca deu uma entrevista coletiva. Nem para falar sobre seus planos.
Eduardo Pazuello montou sua equipe com mais de 18 militares em cargos técnicos e liberou um novo protocolo de uso da cloroquina para pacientes leves da doença, demanda do presidente Jair Bolsonaro e que foi um dos motivos da saída dos dois últimos ministros, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.
Pazuello não disse até agora, por exemplo, qual o seu plano para ampliar a testagem no Brasil, o que é considerado fundamental para orientar as políticas públicas.
Antes dele se tornar interino, o Ministério da Saúde previa, até o fim de maio, o envio de 7 milhões de testes moleculares e 10 milhões de testes rápidos para todo o país. Mas até primeiro de junho, o ministério distribuiu para a rede pública 3 milhões de testes moleculares e 7,5 milhões de testes rápidos – bem menos do que o previsto. E, até agora, foram efetivamente realizados e processados menos de 1 milhão de testes: 488 mil na rede pública e 441 mil na rede privada.
A diretora do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak, afirma que é preciso uma coordenação nacional do Ministério da Saúde para aumentar a testagem: “Não temos nenhuma posição do governo federal até agora de como deveria ser feita, se vai ser feita, essa testagem. Isso não é algo que os governos dos estados podem fazer sozinhos. Então, falta essa liderança, de qual vai ser a estratégia nacional de combate à Covid-19”.
O coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sérgio Cimerman, alerta que o momento exige um ministério com formação técnica: “A gente precisa ter alguém que a gente confie, ter um profissional sério que vai poder dar um norte para a condução dos próximos casos, das próximas diretrizes que o país deve ter visto que vamos ter um aumento significativo do número de casos e óbitos nas próximas semanas. A gente precisa ter confiança no que está fazendo para população ficar mais tranquila e acreditar nas medidas preventivas que os médicos têm solicitado”.
Na entrevista coletiva desta terça do ministério, que mais uma vez não contou com a participação do ministro interino Eduardo Pazzuelo, o secretário-executivo substituto, Élcio Franco, disse que mesmo sem um ministro titular o ministério está funcionando normalmente.
“Cabe ressaltar que todas as funções do ministério, elas têm nomeados eventuais substitutos. Então, isso não faz a máquina parar de funcionar, ela continua girando. Então eu penso que não há o comprometimento da estrutura”, destacou.
Nesta terça (2), no Palácio da Alvorada, uma apoiadora do presidente Bolsonaro perguntou o que ele diria aos brasileiros enlutados pela Covid-19. “Eu lamento todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, respondeu ele.

By Negócio em Alta

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