Cloroquina será usada para tratar pacientes com coronavírus em Boa Vista, diz Prefeitura


As substâncias ainda não têm eficácia comprovada em pacientes de Covid-19. Drogas eram administradas apenas em casos graves. Medida foi adotada após reunião entre a prefeita Teresa Surita e o MS, que liberou no SUS novo protocolo dos medicamentos. Cloroquina não tem, ainda, eficácia científica comprovada contra a Covid-19
Fotoarena/Agência O Globo/ Reprodução
A Prefeitura de Boa Vista informou, nesta quarta-feira (20), que vai adotar o uso de cloroquina e hidroxicloroquina nos tratamentos de pacientes com coronavírus. Medicamentos não têm eficácia comprovada no tratamento de Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O anúncio ocorreu após uma reunião, por vídeoconferência, entre a prefeita Teresa Surita (MDB) e o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta quarta-feira (20). O MS divulgou um novo protocolo sobre o uso dos remédios.
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, afirmou que só devem ser usadas contra a doença em ensaios clínicos. Disse ainda que as substâncias possuem efeitos colaterais e não há comprovação de que funcionam contra o coronavírus.
Já o infectologista do Hospital da Criança Santo Antônio, Domingos Sávio, defende o uso de ambos os medicamentos para tratar pacientes infectados pelo coronavírus.
“A cloroquina é usada para o tratamento de malária e a hidroxicloroquina para doenças reumatológicas. Porém, viu-se, em estudos observacionais, que ela [cloroquina] consegue inibir a replicação do novo coronavírus e por isso está sendo usada, mas o paciente deve estar ciente de que, como todo medicamento possui efeito colateral, ele deve aceitar e o médico, se achar necessário [que o paciente use], deve prescrever”. Afirmou.
Especialistas criticam novo protocolo de hidroxicloroquina e cloroquina.
Sávio afirmou ainda que as mortes ocasionadas pelo coronavírus ocorrem pela alta quantidade do vírus no organismo. Desta forma, afirmou que os medicamentos diminuem a quantidade do vírus no corpo e consequentemente os efeitos da doença.
“Baseando-se nisso é que houve essa liberação [da cloroquina]”, afirmou o infectologista.
O medicamento estará disponível nas unidades de saúde de Boa Vista, incluindo postos, assim que a Prefeitura conseguir a aquisição das substâncias, informou o infectologista. No entanto, a cloroquina não deve ficar disponível para a população em geral.
O uso da cloroquina e hidroxicloroquina dependerão de uma avaliação médica que verificará se o paciente sintomático preenche os critérios estabelecidos para usar as medicações.
“A partir daí, se o médico achar que o paciente deve usar o remédio, ele prescreverá e o paciente deverá assinar um termo de consentimento livre esclarecido de que aceita fazer o uso da droga”, finalizou Sávio.
Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda o uso. O protocolo de uso da Cloroquina foi, inclusive, motivo de atrito entre os dois últimos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

By Negócio em Alta

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