Mãe de filhos adotivos diz que se inspirou após ver ‘Criança Esperança’


Atualmente, a família tem quatro membros que foram adotados e há planos para esse número crescer ainda mais no futuro. Toda a família tem muito orgulho das adoções e participa de campanhas para a causa
Arquivo Pessoal
A vida de uma família de São Vicente, no litoral de São Paulo, mudou por completo após a matriarca Valderiz Branco Oliveira, de 67 anos, decidir adotar um filho ao se sensibilizar com milhares de histórias no programa ‘Criança Esperança’, da Rede Globo. Atualmente, a família conta com quatro membros adotados e ainda sonha em acolher mais crianças no futuro.
O ciclo de adoções começou com Moises, hoje com 27 anos, que chegou para Valderiz com seis meses de idade. Ela estava assistindo ao programa ‘Criança Esperança’ e descobriu que existiam 7 mil crianças esperando para serem adotadas. Então, tomou a iniciativa de ajudar pelo menos uma delas, mas achou que seria muito difícil conseguir adotar.
“Na época, não havia muitas informações sobre isso. Eu trabalhava no Fórum de São Vicente e, durante o intervalo de um júri, decidi ir à Vara da Infância e Juventude para perguntar quais eram minhas chances de fazer uma adoção. Eu achava que tinha que ser muito rico e estudado. Mas, a funcionária disse que precisava apenas de boa vontade e amor”.
No mesmo dia, Valderiz descobriu que havia um menino de seis meses internado com a clavícula quebrada e infecção hospitalar, precisando urgentemente de uma família. Ela, então, correu para o hospital municipal na expectativa de conhecer aquele que seria seu futuro filho. A assistente social explicou que o pequeno guerreiro morreria se não fosse adotado, pois poderia ter uma recaída causada pela falta de laços familiares. Dois dias depois, ele já estava em sua nova casa.
Valderiz adotou Moisés quando tinha apenas seis meses, após se sensibilizar com histórias do ‘Criança Esperança’
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Já a ‘Esterzinha’, como é carinhosamente chamada pela família, chegou de uma forma bem diferente. Valderiz conhecia a mãe da pequena há muitos anos, se tornaram amigas e chegou até a dar um emprego e deixá-la ficar com as filhas em sua casa. Após idas e vindas, a mulher deixou a filha caçula, que tinha apenas dois anos, na casa dos Oliveira e nunca mais voltou.
“Ela veio trabalhar aqui, mas às vezes sumia e depois voltava. Um dia, ela apareceu com a Esterzinha nos braços e disse que tinha sido deixada pelo marido. Acabei levando ela e as filhas de volta para a minha casa. Na época, cheguei até a brincar, porque ela tinha dado o mesmo nome da minha filha para a dela, acho até que pode ter sido uma homenagem”, relembra a matriarca.
Um tempo depois, a amiga contou que estava muito doente e que havia começado um tratamento. Após alguns dias, entrou em desespero e decidiu entregar a caçula para Valderiz criar como filha. O processo de adoção, entretanto, só teve início recentemente, e o juiz ainda não deu a sentença. O sonho da menina, que agora tem 22 anos, é carregar o sobrenome da ‘mãe de criação’ em sua certidão.
A caçula Ester Catarina Bispo dos Santos garante que não tem palavras para descrever o que sua ‘mãe de criação’ fez por ela a vida inteira. Inclusive, garante que sonha em um dia adotar uma criança e, assim, fazer por alguém o que fizeram por ela. A jovem afirma que tem muito orgulho de ser adotada, pois esse é um ato de amor.
“Minha mãe é maravilhosa e sempre me deixou muito confortável com o assunto da adoção. É um desejo meu me sentir filha legítima. O dia em que sair a sentença será o mais feliz da minha vida, porque carregarei o sobrenome da minha mãe. É o meu sonho. Ela é minha base de tudo e é uma meta de vida minha colocar isso no papel. Vou gritar para todo mundo que ela é minha mãe oficialmente. Nossa ligação é uma coisa de outro mundo”.
A pequena Ester encontrou muito amor e carinho na família Branco Oliveira
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Novo ciclo
As duas adoções feitas por Valderiz fizeram com que sua filha biológica, a advogada Ester Branco Oliveira, de 37 anos, se apaixonasse pela causa. Inclusive, ela também foi um dos motivos que levaram sua mãe a adotar, já que vivia pedindo uma irmãzinha. Por ter crescido em meio a essa realidade, a advogada sempre nutriu o desejo de adotar uma criança.
E essa vontade de adotar era tanta que ela decidiu se casar com um homem que compartilhasse desse desejo. Ela, então, conheceu seu atual marido e descobriu que ele já tinha uma filha adotiva, hoje com 13 anos, que morava com ele. Ao conversarem sobre o assunto, descobriram que os dois queriam adotar mais crianças, e se casaram.
“Minha ideia era ter filhos biológicos e adotivos. Tive duas gestações tubárias e precisei tirar os bebês e a trompa. No fim de 2015, entrei na fila de adoção enquanto tentava a fertilização. Me ligaram do fórum em uma segunda-feira, no fim de 2018, perguntando se eu queria conhecer uma menina, que tinha sido entregue voluntariamente. Foi uma correria em casa e no mesmo dia eu conheci minha filha. A Ana Luiza veio para mim com apenas cinco dias de vida”.
Ester Branco Oliveira se casou, ganhou uma enteada e adotou a pequena Ana Luiza
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Ao chegar à maternidade, as enfermeiras olharam para Ester e logo perguntaram se era a mãe da Ana Luiza. A advogada conta que as funcionárias a acharam muito parecida com a pequena. No dia seguinte, ela ligou para a assistente social, que informou que havia ocorrido um problema, pois a juíza do caso decidiu que o pai biológico do bebê deveria ser procurado.
Começou, então, o desespero do casal e a correria, pois o fórum entraria em recesso de fim de ano e Ana Luiza teria que ficar um mês na casa de uma família acolhedora. Mas, Ester não descansou até conversar com todas as pessoas que pudessem ajudá-la no caso, até que conseguiu resolver. No dia seguinte, a pequena já estava na casa da sua nova família.
“Era para ser, foi uma coisa de Deus. Para mim, a adoção sempre foi uma primeira opção. Mas, mesmo que para muitos casais sejam uma segunda opção, por não poderem ter filhos, a adoção deve ser feita com muito amor. Os laços de amor são muito mais importantes do que os laços de sangue. Para o futuro, penso em fazer uma adoção tardia, acolher um menino mais velho, entre 7 e 10 anos”, finaliza.

By Negócio em Alta

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