‘Dia das Mães não tem mais significado. Ela não morreu, foi arrancada de mim’, diz mãe de grávida que teve coronavírus


Cabeleireira Sílvia Albuquerque diz que a confirmação da doença foi surpresa para família. Viviane passou por cesariana de emergência e deu à luz Erick David, que completou 1 mês. Viviane Albuquerque (à esquerda) e a mãe, Silvia, no Recife
Acervo pessoal
“O Dia das Mães não tem mais significado para mim. Ela não morreu, foi arrancada de mim. Uma dor muito grande, uma tristeza muito grande. Para mim, ela nunca vai deixar uma filha maravilhosa, muito cuidadosa, era meu tudo. O meu ar que eu respiro, minha base. Eu perdi tudo na minha vida”.
O depoimento é da cabeleireira Silvia Albuquerque, mãe da fisioterapeuta Viviane Albuquerque, que morreu no dia 5 de abril, vítima do novo coronavírus. A mulher tinha 33 anos e estava grávida de 32 semanas de Erick David, que recebeu alta do hospital na no dia 3 de maio. O bebê, agora, serve de alento para a avó que, tão precocemente, perdeu a filha.
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Viviane foi internada no dia 28 de março, com sintomas de Covid-19. No dia 1º de abril, saiu o resultado positivo para a doença. Ela foi levada diretamente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por estar grávida. No dia 3, ela ela foi entubada e, no dia seguinte, ela passou por uma cesariana de emergência.
Segundo a mãe de Viviane, a confirmação para a Covid-19 foi uma surpresa para a família. A jovem morava com a mãe e as filhas gêmeas de 6 anos de idade. Nenhuma delas teve confirmação para a doença.
Erick David recebeu alta no domingo (3) e está em casa
Arquivo pessoal
“Ela não tinha sintomas, foi internada porque teve febre, ligou para a médica e estava com aspecto de resfriado. A gente pensou que era porque ela chupava muita coisa gelada, como sempre acontecia. A médica passou remédio de gripe, comprei logo, e ela estava tomando as vitaminas do pré-natal. Dois dias depois, levamos ela para o hospital e disseram que ela ia ficar internada porque tinha um princípio de pneumonia e a medicação só podia ser administrada no hospital”, disse Silvia.
Uma das frustrações da família de Viviane é que, na época, demorou cerca de uma semana para que o exame para coronavírus fosse confirmado. Havia, até então, pouco mais de 200 casos da Covid-19.
Viviane Albuquerque estava grávida e morreu com coronavírus, no Recife
Reprodução/Instagram
“Foi um absurdo, porque numa guerra como a que estamos vivendo, os laboratórios estavam fechando no fim de semana, sem trabalhar em feriado. O resultado demorou muito para sair e, esse tempo todo, eu estava internada com ela. Ela não ficou sozinha um minuto sequer, antes de ir para a UTI. Estive com ela até o fim”, afirmou a mãe.
Viviane gostava de levar uma vida alegre e saudável. No Instagram, eram muitas as fotos dela malhando e em momentos de descontração. Para a mãe dela, sem dúvidas, a vida jamais será a mesma.
“Ela era alegre demais. A casa estava silenciosa e, quando ela chegava, mexia com todo mundo. Da cachorra às filhas. Eu e ela, como as pessoas dizem, éramos unha e carne, corda e caneca, éramos muito ligadas. Nós não somos só mãe e filha. Era minha melhor amiga, minha companheira”, disse.
Com a morte da mãe, as duas filhas de Viviane, assim como o bebê Erick, passaram a viver entre a casa da avó e as residências dos pais. A filha pediu para a mãe,, que se algo acontecesse, cuidasse e ficasse responsável por eles.
“Ela sempre conversava comigo, antes mesmo da pandemia, e me pedia que tomasse conta das filhas. Eu sempre dizia que Deus a livrasse. Estamos fazendo um trabalho com muita cautela com as meninas, porque são muito pequenas. O pai foi quem contou, disse que a mãe virou uma estrelinha. Foi um caos, elas choraram muito. Disseram: ‘Deus não podia fazer isso, porque os pais só podem morrer quando os filhos estão grandes, e nós somos tão pequenininhas'”, lamentou a mãe de Viviane.
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Arte/G1
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By Negócio em Alta

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