Minas tem mais de 100 mortes por coronavírus e 2.770 casos confirmados da doença


Secretaria de Estado de Saúde informou, nesta quinta-feira (7), que há 106 óbitos confirmados e 123 em investigação. Bombeiros colocam máscara em helicóptero Arcanjo para conscientizar sobre o coronavírus
Corpo de Bombeiros/Divulgação
Minas Gerais já teve mais de 100 mortes decorrentes do novo coronavírus. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) nesta quinta-feira (7), já são 106 óbitos no estado, além de 123 em investigação.
O número de casos confirmados de coronavírus em Minas Gerais chegou a 2.770 – 165 a mais que na véspera.
Ainda segundo a SES, Minas Gerais tem 94.124 casos considerados suspeitos.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta manhã, há 915 casos confirmados da doença em Belo Horizonte, sendo 25 mortes. Um estudo da UFMG apontou que, se não tivessem sido adotadas medidas preventivas de isolamento da população, a capital mineira teria 500 mil infectados até maio.
Acesse o número de casos por município
Os nove óbitos registrados pelo governo nas últimas 24 horas são de pacientes dos seguintes municípios: Belo Horizonte (uma mulher de 64 anos e um homem de 69); Juiz de Fora (um homem de 77 anos, uma mulher da mesma idade e uma mulher de 87 anos); Extrema (um homem de 80 anos); Uberlândia (um homem de 53 anos); Toledo (uma mulher de 83 anos) e Bueno Brandão (um homem de 70 anos). Todos já tinham doenças prévias ou fatores de risco.
Veja as informações sobre as mortes por Covid-19 em Minas
Perfil dos pacientes
A maioria dos pacientes que morreram em decorrência do novo coronavírus são homens: 60 dos 106 pacientes. E idosos: 85 deles têm mais de 60 anos e 21 têm menos. Além disso, 87% dos óbitos ocorreram em pacientes que já tinham fatores de risco, principalmente hipertensão, diabetes e cardiopatia.
Outros fatores de risco registrados foram pneumopatia, doença renal, transtornos mentais, doença neurológica, tabagismo, neoplasia, hipotireoidismo e doença genitourinária.
No início da pandemia, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) informava qual era a comorbidade de cada paciente que havia morrido com a Covid-19. Em abril, no entanto, a pasta parou de informar. Questionada, a SES disse que, pela “possibilidade de ocorrência em municípios de pequeno porte”, “os pacientes podem ser facilmente identificados, quando descritas características específicas”. “Assim sendo, no intuito de mantermos a confidencialidade das informações fornecidas pelos pacientes e/ou familiares, passamos a não mais divulgar o descritivo detalhado de informações por paciente”.
O município com mais mortes até agora foi Belo Horizonte, com 25 casos. Em seguida, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com 9, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, também com 9 óbitos.
Conheça a seguir a histórias de alguns desses pacientes que não resistiram ao coronavírus em Minas:
Primeiras mortes em Minas
A primeira morte em decorrência do coronavírus divulgada em Minas Gerais foi a de Marlene Eunice Vanucci, de 82 anos, moradora de Belo Horizonte. Ela foi internada no Hospital Biocor em Nova Lima em 21 de março, com quadro de febre, tosse e desconforto respiratório, sendo transferida para UTI dois dias depois. Ela morreu no dia 29 de março. A paciente também tinha doença cardiovascular crônica, diabetes mellitus e pneumopatia crônica.
No dia da morte de Marlene, sua nora fez um desabafo emocionado em uma rede social:
“Gostaria imensamente que os governantes fossem mais respeitosos com cada vida ceifada e sufocada pelo coronavírus. Sr. Ministro Mandetta se mantenha técnico e firme, não se deixe abater por ignorância. Mais amor e mais empatia”, escreveu ela.
Morte de Marlene foi confirmada pelo médico do Biocor
Reprodução Redes Sociais
Mais tarde, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) divulgou outros óbitos que aconteceram antes do de Marlene Vanucci: de um paciente de 79 anos de Patos de Minas, no dia 28 de março, e de uma idosa de 79 anos de Paraisópolis, no mesmo dia. No mesmo dia 29 de março, também morreu um paciente de 71 anos de Juiz de Fora.
O segundo morador de Belo Horizonte que morreu com exame positivo para a Covid-19 foi o Darcy Gomes Parreiras, de 66 anos, que estava internado no Hospital Semper e morreu três dias depois de dar entrada, em 30 de março. Ele tinha cardiopatia e diabetes mielitus.
Darcy Gomes Parreiras
Arquivo pessoal
Pacientes sem nenhuma comorbidade
O quarto paciente foi um homem de 44 anos, morador de Mariana, que morreu em hospital na própria cidade, no dia 30 de março. Ele não tinha nenhuma comorbidade. Esta morte em Mariana havia sido confirmada na manhã do dia 1º de abril.
Outro paciente que não tinha qualquer comorbidade ou doença prévia era um morador de 72 anos da cidade de Ouro Fino, no Sul de Minas. Ele teve início de sintomas, com febre, no dia 21 de março. Foi internado no dia 24 e morreu no dia 31 de março. O exame confirmando que ele estava com a Covid-19 saiu neste domingo, 5 de abril.
Segundo a assessoria da Prefeitura de Ouro Fino, João Batista Bueno filho morava na zona rural e apresentou os sintomas após uma viagem de cruzeiro no Ceará, onde estava com a esposa.
Prefeitura de Ouro Fino confirma que homem de 72 anos morreu por Covid-19
Reprodução EPTV
Dizia que doença era ‘coisa da mídia’
Outro paciente que não tinha nenhuma doença prévia era Cláudio Manoel Ricardo, de 69 anos, morador de Montes Claros. Segundo o filho do idoso, Claudinei dos Santos Ricardo, em entrevista ao G1 no dia 2 de março, o pai viajou antes do período de Carnaval para rever a família e retornou no dia 16 de março.
“Infelizmente, meu pai não levou isso a sério, ele dizia que era coisa da mídia. Quando resolveu viajar, eu o alertei para não ir e mesmo sabendo dos riscos, ele foi porque não acreditava na doença. Meu pai era 100% saudável, não tinha problema de saúde e tinha feito um check-up recentemente”, afirmou o filho do paciente.
Na madrugada do dia 17, Cláudio Ricardo começou a sentir os primeiros sintomas da doença. O idoso foi internado no hospital Aroldo Tourinho no dia 27 de março e entubado dois dias depois. Ele morreu no dia 1º de abril. Sua família está em isolamento e sendo monitorada.
Cláudio Manoel Ricardo estava internado no Hospital Aroldo Tourinho
Arquivo pessoal
Profissional da saúde
Uma profissional de enfermagem de 53 anos que atuava no Hospital Alberto Cavalcanti, de Belo Horizonte, e também na Unidade de Pronto Atendimento Ressaca, em Contagem, na Região Metropolitana, morreu no dia 20 de abril. Ela estava internada no Hospital Municipal de Contagem, após contrair o coronavírus. A informação foi confirmada pela Prefeitura da cidade no dia 20, mas o óbito só entrou no balanço oficial do governo no dia 25 de abril.
A servidora Maria Aparecida Andrade tinha 53 anos e apresentou teste positivo para a Covid-19 no dia 8 de abril, com determinação de afastamento de sete dias de suas atividades profissionais. O exame e o atestado médico foram feitos em Belo Horizonte. Em 13 de abril, cinco dias após ser afastada, ela procurou atendimento na UPA Ressaca e foi transferida para o Hospital Municipal de Contagem.
Pela idade, Maria Aparecida não era considerada do grupo de risco. Mas tinha doença cardíaca. E, por isso, poderia ter pedido o afastamento do trabalho. Mas nunca fez essa opção. E, como os colegas não sabiam da doença, ninguém a aconselhou a ficar em casa.
Cida, como era carinhosamente chamada, era uma apaixonada pela profissão.
“Aqui a gente passa 12 horas, às vezes até mais que com os nossos familiares. Nos consideramos uma família. Então, nós perdemos uma integrante da nossa família. E esse buraco vai ficar, não vai ter jeito de cobrir”, lamentou a amiga Kelly Ribeiro Alves, enfermeira que trabalhava com Cida.
Ela contou que todos os colegas ficaram muito assustados com a morte de Maria Aparecida, por estarem todos “na linha de frente” do enfrentamento ao coronavírus.
Erro do Ministério da Saúde
A sétima paciente que morreu em decorrência da doença no estado é uma mulher de 76 anos, moradora de Belo Horizonte, cujos sintomas apareceram pela primeira vez no dia 23 de março. O resultado do exame comprovando que ela estava com a Covid-19 saiu no dia 31 de março e ela morreu no dia 1º de abril. Ela tinha doença cardiovascular e diabetes.
Houve um erro na notificação da data da morte desta paciente, que levou o Ministério da Saúde a anunciar, equivocadamente, que a primeira morte por coronavírus no Brasil tinha ocorrido em janeiro. No dia 3 de abril, a pasta voltou atrás e se corrigiu.
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Pacientes mais jovens
Em Itabira morreu o paciente mais jovem de todos até agora, com apenas 24 anos. A morte aconteceu no dia 6 de abril. A SES-MG informou que ele já tinha fatores de risco, mas não disse quais.
Um dos pacientes mais jovens a morrer foi um morador de São Tomás de Aquino, no Sul de Minas, com apenas 34 anos. Ele tinha hipertensão.
O fisioterapeuta Wesley Soares, de 34 anos, morreu com Covid-19 em Franca, SP
Reprodução/EPTV
A Prefeitura de São Tomás de Aquino (MG) confirmou a morte do fisioterapeuta da rede de saúde municipal Wesley Leite Soares de Oliveira na noite de 12 de abril. Ele estava internado em Franca, interior de São Paulo.
A irmã de Wesley Soares fez um relato emocionado no dia 14 de abril. Ao falar da evolução da doença, Daiane Mendes disse que a angústia maior da família é por não ter tido tempo suficiente para a despedida.
“O que mais dói é não poder se despedir. Não pode ter um velório, o enterro durou 10, 15 minutos. Coisa muito rápida mesmo. Foi muito difícil.”
Wesley trabalhava como concursado da Prefeitura de São Tomás de Aquino e mantinha uma clínica de fisioterapia. Segundo Daiane, ele começou a se sentir mal no dia 2 de abril, quando apresentou sintomas de resfriado, tosse e falta de ar.
Ele recebeu o primeiro atendimento na cidade mineira, onde um raio-X apontou leve alteração no pulmão. De acordo com Daiane, o irmão foi encaminhado para Franca, onde fez o teste rápido no dia 9, mas deu negativo para Covid-19.
Apesar disso, o quadro de saúde não apresentou melhora, e o pai, que mora em Franca, decidiu levar Wesley ao pronto-socorro para um novo atendimento.
“Chegando no pronto-socorro, já colocaram ele no oxigênio e já pediram vaga no Hospital do Coração. Levaram ele para lá. Uma vez por dia, a equipe atualizava. Às 13h, eles ligavam pra minha cunhada ou para o meu pai”, diz Daiane.
No entanto, o quadro de saúde piorou e o fisioterapeuta morreu na noite de domingo (12). A irmã diz que o rapaz chegou a receber cloroquina durante o tratamento após ter sido diagnosticado.
Daiane afirma que Wesley amava o trabalho e tinha um cuidado especial com os pacientes idosos. Para ela, a melhor prevenção para evitar que mais famílias percam seus entes queridos para a doença é o distanciamento social.
“Nas ruas, as pessoas andam sem nenhuma precaução. Eu acho que o povo tinha que se conscientizar mais. Até eu mesma, antes de acontecer na minha família, não levava muito a sério. A gente só acredita quando atinge a família da gente. Eu não desejo que isso aconteça com ninguém. Espero que todos se cuidem para que não aconteça nas famílias. É doído. Não tem explicação.”
Freira fazia caridade
A segunda morte em Paraisópolis, no Sul de Minas, foi de uma freira. De acordo com a administração municipal, a freira Jandira Rosa Chagas, de 78 anos, morreu no fim de março, mas só teve o resultado dos exames revelado em abril.
Irmã Jandira, como era conhecida, realizava trabalhos na Casa da Criança de Paraisópolis. Ela recebeu homenagens da instituição no dia da morte. O perfil oficial do Instituto das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fática também homenageou a religiosa quando a morte completou o sétimo dia.
Irmã Jandira, de Paraisópolis (MG), teve morte confirmada por coronavírus pela prefeitura
Divulgação/Casa da Criança
Em Paraisópolis, a primeira paciente que morreu tinha 88 anos e estava internada no Hospital Escola, em Itajubá. A idosa morreu em 4 de abril, mas o resultado dos exames foi confirmado no dia 7. A idosa apresentou os sintomas depois de ter contato com o filho de 53 anos, que havia testado positivo pra doença. Ela chegou a ser internada, onde permaneceu por duas semanas em um hospital em Paraisópolis. Como ela apresentou piora nos sintomas acabou transferida pra Itajubá, onde morreu.
Não sabe como se contaminou
No dia 16 de abril, morreu uma idosa de 75 anos da cidade de Varzelândia. De acordo com a Prefeitura de Varzelândia, a paciente fazia tratamento oncológico em São Paulo e retornou para o município duas semanas antes. Ela morreu no Hospital Municipal Senhora Santana, em Brasília de Minas.
Segundo a secretária municipal de Saúde, Célia de Fátima Fialho Dias, a paciente apresentou febre e falta de ar assim que chegou de São Paulo, e recebeu o primeiro atendimento no Hospital de São João da Ponte.
“Segundo os familiares, ela fazia tratamento em São Paulo há um ano e os médicos orientaram o retorno porque o câncer já estava muito avançado e a idosa estava bastante debilitada”, disse a secretária.
A sobrinha da idosa, a enfermeira Gircelia Ferreira, contou ao G1 que a família não sabe como ela se contaminou.
“O médico de São Paulo indicou que a minha tia retornasse para casa e em junho, ela voltaria para fazer o acompanhamento. Não sabemos como ela se contaminou”, disse.
Segundo Gircelia, a tia acreditava na doença, ficou isolamento quando chegou de São Paulo e só teve contato com familiares.
“Foi uma surpresa quando saiu o resultado positivo. Ficamos muito assustados e foi um baque para toda a família, principalmente para o marido dela, que ficou muito abalado”.
A enfermeira acompanhou a tia nos hospitais e está em isolamento domiciliar com os dois filhos, de 12 e 15 anos. Nenhum deles apresentou sintomas, mas ela relata que tem medo da doença e teme principalmente pela saúde dos filhos.
“Não é só idoso que pode ter complicação, todas as pessoas precisam se proteger. Meus filhos não saem de casa e quando eu voltar a trabalhar, eles vão permanecer em isolamento. Quem puder, deve ficar em casa e se houver necessidade de sair, que faça isso com cautela. Os municípios também deveriam monitorar o cumprimento das medidas de prevenção nas ruas”, alerta.
Gircelia está em isolamento com os filhos; quarentena termina nessa quinta-feira (30)
Arquivo pessoal
Ela reforça: “Muitas pessoas não querem acreditar na doença e só vão levar a sério quando perderem alguém, mas já vai ser tarde”
Outros pacientes
No dia 30 de março, morreu um morador de Uberlândia com 80 anos. Ele apresentou os sintomas de febre, tosse e dispneia no dia 29 de março e morreu no dia seguinte. Ele tinha doença pulmonar crônica e doença cardiovascular.
Na mesma cidade, morreu uma paciente de 61 anos, que apresentou os primeiros sintomas, com febre, dispneia e mialgia no dia 26 de março e não resistiu no dia 2 de abril. Ela tinha doença renal crônica.
Em Belo Horizonte também morreu um paciente de 82 anos, que sentiu os primeiros sintomas no dia 24 de março, foi internado no dia 30 e morreu neste domingo, 5 de abril. Ele tinha hipertensão arterial e hipotireoidismo. E uma mulher de 60 anos que já tinha neoplasia e hipertensão arterial. Seus sintomas apareceram no dia 1º de abril, ela foi internada no dia 6, já com teste positivo para a Covid-19, e morreu na manhã desta terça-feira (7).
Um idoso de 78 anos, natural de Pouso Alegre, no Sul de Minas, teve os primeiros sintomas no dia 24 de março, foi internado no dia 27, o exame confirmando positivo para a Covid-19 saiu no dia 1º de abril e ele morreu no dia 5 de abril. Ele tinha doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial.
Também já foram confirmados óbitos de pacientes em outras cidades, como Araxá, Extrema, Espinosa, Divinópolis, Governador Valadares, Ipiaçu, Presidente Juscelino, Juiz de Fora, São Francisco, Belmiro Braga, Patos de Minas, Nanuque, Uberaba e Varginha.
A primeira morte em Betim foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde nesta quarta-feira (29). Trata-se de uma paciente de 80 anos que tinha histórico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e era portadora de pneumopatia. O óbito ocorreu após a prefeitura flexibilizar o isolamento no município em um decreto de 22 de abril, que permitia a reabertura do comércio. Nesta quarta-feira (29), o prefeito Vittorio Medioli (sem partido) voltou atrás e publicou novos decretos que restabelecem o endurecimento das medidas de isolamento social.
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