Primeiro detento com Covid-19 do Ceresp em Juiz de Fora é internado em estado grave no HPS


Homem de 53 começou a ter sintomas no dia 29 de junho e está entubado na unidade hospitalar. Preso dividia a cela com outros 22 detentos, que estão em monitoramento. Em todo o Estado, mais de 300 custodiados testaram positivo para o novo coronavírus. Ceresp em Juiz de Fora
Fellype Alberto/G1
Um homem de 53 anos, que cumpre pena no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) em Juiz de Fora, testou positivo para Covid-19 e foi internado em estado grave no Hospital de Pronto Socorro Mozart Teixeira (HPS). A informação foi confirmada ao G1 pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Segundo o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), este é o primeiro caso confirmado na unidade prisional.
Outro homem, de 54 anos, que divida a cela com o detento, está com suspeita da doença e também está internado no HPS, onde permanece sem sintomas graves e aguarda o resultado do exame.
Conforme a Sejusp, o preso de 53 anos é diabético e recebia atendimento médico diariamente na unidade prisional. No dia 29 de junho, ele se queixou de secreções e catarro no peito e foi atendido de manhã pelo médico da unidade.
Ainda de acordo com a pasta, o quadro dele piorou em poucas horas e a equipe de saúde acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que o encaminhou para o Hospital de Pronto Socorro Mozart Teixeira (HPS).
Ao dar entrada no HPS, ele teve o quadro agravado e teve necessidade de entubação. Ele segue entubado e o atual quadro clínico é grave, mas estável.
Mais de 20 detentos são monitorados
A Secretaria informou que o homem dividia a cela com outros 22 presos, que estão sendo atendidos e monitorados diariamente.
Entre eles, está o detento de 54 anos, que no último domingo (5), queixou-se de tosse, cefaleia e diarreia. Ele foi retirado da cela e encaminhado para realização de exames no HPS, onde permanece aguardando os resultados e não teve o quadro agravado.
Em Minas Gerais, até a manhã desta terça-feria (7), os dados da secretaria apontaram que 327 detentos testaram positivo para Covid-19 e estão cumprindo período de quarentena dentro das unidades prisionais, onde são acompanhados pelas equipes de saúde das unidades, assintomáticos ou com sintomas leves da doença.
As alas em que se encontram foram isoladas, desinfectadas e todos servidores e demais detentos do local usam máscaras de forma preventiva.
As áreas estruturais como celas, pátios, áreas administrativas e técnicas, portarias, guaritas e, também, veículos estão passando por higienização reforçada, semanal, durante a pandemia. A ação é simultânea e sempre as terças-feiras em todas as 194 unidades do Estado.
Há também cinco custodiados que testaram positivo, em cumprimento de prisão domiciliar, concedida pelo Poder Judiciário, e estão monitorados com tornozeleira eletrônica. Apenas um deles está internado.
O protocolo da Sejusp, no caso de pacientes com sintomas da doença é de fazer o isolamento imediato, realização de exames e, em caso de confirmação, tratamento segundo protocolo da área da Saúde.
Em todas as unidades em que há presos com covid-19 confirmados, a desinfecção do ambiente também é imediata e todos os demais detentos passam a usar máscaras, de forma preventiva.
Para evitar o contágio via profissionais de segurança foram feitas escalas de trabalho dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses servidores dentro e fora dos presídios. A Secretaria também informou que, até o momento, nenhum policial penal foi diagnosticado com a Covid-19 no Ceresp em Juiz de Fora e eventuais casos suspeitos são afastados para cumprimento de isolamento em casa.
Medidas de segurança
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que foram adotas diversas medidas para previnir e controlar a disseminação do coronavírus nas unidades prisionais de Minas Gerais,.
Entre elas, foi adotado um modelo pioneiro no país de circulação restrita de detentos no período de pandemia, classificado como referência pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para evitar a contaminação por novos presos, foram criadas 30 unidades de referência, distribuídas em todo o território mineiro, que funcionam como centros de triagem e portas de entrada para novos custodiados do sistema prisional.
Ainda conforme a pasta, todas as pessoas presas em Minas Gerais estão sendo encaminhadas para uma unidade específica em cada região e ficam, pelo menos, 15 dias, em quarentena e observação, evitando possível contágio caso fossem encaminhadas de imediato para outras unidades. Após a observação e atestada a sua saúde, são encaminhadas para as demais unidades prisionais do Estado.
Para evitar a disseminação do vírus por meio de contato com o público externo, as visitas foram suspensas, para diminuir a circulação de pessoas externas, assim como a entrega, até então opcional, de kits suplementares contendo alimentos, remédios entre outros itens, para evitar a circulação de materiais contaminados.
Esses itens continuam sendo fornecidos pelas unidades prisionais e recebidos, ainda, via Correios. Todos os kits enviados por meio postal são inspecionados, por questões de segurança, e estando em conformidade com a legislação, são entregues aos presos.
Com a suspensão das visitas, os familiares podem ter contato com seus parentes de três formas: por meio de cartas (ação prevista para todas as unidades e com média de 35 mil recebimentos por semana), ligações telefônicas (cujo número é diferente em cada unidade e deve ser fornecido pelo presídio ou penitenciária; a média semanal é de 15 mil ligações realizadas) ou videoconferências nas unidades em que essa tecnologia já está disponível.
Segundo a Secretaria, mais de 45% das unidades prisionais já realizam visitas familiares por videoconferência.
O sistema prisional também está produzindo máscaras para uso nas próprias unidades. Conforme a pasta, no interior das unidades prisionais já foram mais de 2,5 milhões de máscaras produzidas por custodiados. Todos os servidores são obrigados a circular no interior das unidades de EPIs e, a eles, este material é fornecido sistematicamente.
Os presos também utilizam máscaras quando estão com algum sintoma suspeito ou quando pertencem a alas ou pavilhões onde outro detento foi testado positivo para a doença.
Sobre a circulação de presos para realização de audiências judiciais, a Sejusp informou que foram instalados equipamentos para a realização de videoconferências judiciais em todas as unidades prisionais que estão, aos poucos, se adaptando para uso dessa ferramenta.
Com isso, evita-se o deslocamento da maioria dos presos para o ambiente extramuros e diminui-se o risco de contágio pelo coronavírus.
Já foram realizadas mais de duas mil videoconferências judiciais neste período de pandemia, que foi possível através de uma parceria com o Poder judiciário que deve se estender no período pós pandemia.