A pandemia do coronavírus vem levando governos em diferentes partes do mundo a tomarem atitudes drásticas e distintas, tanto no campo da saúde, como na economia. Muitas decisões polêmicas são alvo de críticas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e institutos especializados no tema, devido à falta de embasamento técnico. Na última sexta-feira (27), a prefeitura de Milão chegou a reconhecer que errou ao adotar uma postura de enfraquecimento ao isolamento social na cidade logo no começo da disseminação da covid-19 na Itália.
Com 3.417 casos confirmados e 92 mortes, segundo última divulgação do Ministério da Saúde, alguns estados brasileiros vêm adotando a estratégia de isolamento social para conter o avanço da nova mutação do coronavírus.
A quarentena, porém, é constantemente atacada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que chegou a lançar uma campanha nesta sexta-feira (27) contra a medida, intitulada: “Brasil não pode parar”.
:: “Brasil não pode parar”: campanha de Bolsonaro contra isolamento vai parar no TCU ::
Para Gerson Salvador, infectologista e especialista em saúde pública, nenhum outro líder mundial está lidando de uma maneira tão desqualificada com a pandemia.
“O presidente tem um papel lamentável em relação a condução da crise. Ele incentiva seus seguidores a terem medidas irresponsáveis, e atrapalha até os setores técnicos de seu governo”, analisa o médico, que hoje atua na Universidade de São Paulo (USP).
Em entrevista para o Brasil de Fato em meio a uma fase de número ascendentes de caso da doença no país, Salvador esclarece a diferença entre os casos no Brasil e na Itália, as particularidades da testagem rápida, o que se pode esperar da covid-19 daqui pra frente, e uma de suas pautas centrais: a necessidade do fortalecimento do SUS.
Para o médico, há uma necessidade em distinguir o Sistema Único de Saúde do Bolsonarismo. O SUS, na opinião dele, é uma política de Estado, e que deve ser defendida, por isso é preciso fazer uma análise concreta do discurso de quem desqualifica o SUS.
“Tudo que o neoliberalismo ataca dizendo que é grande demais, que deve ser reformado, que deve ser diminuído, que deve ter corte de gastos, são estes setores que estão dando resposta para a pandemia do coronavírus”, analisa.
Confira a entrevista completa: