Um grupo de profissionais da saúde lançou nesta quarta-feira (25) a campanha “Leitos para Todos”. A iniciativa aponta a urgência em promover medidas de universalização da saúde durante a pandemia do coronavírus para garantir o tratamento adequado à população.
De acordo com a assistente social e sanitarista Amanda Frazão, uma das idealizadoras da campanha, o Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser levado ao colapso em poucas semanas pois não há a capacidade para absorver os casos graves da covid-19 previstos para o Brasil. Ela explica que a campanha busca sensibilizar a sociedade para a gravidade da situação e propor medidas, como o gerenciamento de leitos privados pelo poder público, para garantir que o maior número de doentes tenha acesso ao atendimento médico.
“Nossa proposta é que os leitos sejam gerenciados pelo poder público, independente se está no SUS ou na rede privada, e que sejam acessados por meio de fila única a partir de critérios de gravidade do caso. Essa já é uma forma utilizada aqui no país, por exemplo, quando se faz transplante de órgãos”, explica Frazão.
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A campanha começou primeiro no estado do Rio de Janeiro e já está nas redes sociais. A iniciativa também destaca a urgência para que os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) estejam disponíveis para todos os profissionais de saúde que atuam no combate ao coronavírus.
Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) apontam que o estado fluminense possui atualmente 3.786 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo que 2.611 estão na rede privada. Segundo Frazão, essa distribuição privilegia o atendimento de pacientes com coronavírus que possuem plano de saúde.
“Se a gente vive numa sociedade que é desigual socialmente, isso vai se concretizar também no número de óbitos, ou seja, vai morrer muito mais pobre do que gente mais favorecida e privilegiada financeiramente. A tentativa [da campanha “Leitos para Todos”], para além de tentar controlar a pandemia e diminuir o número de óbitos que estamos prevendo, é enfrentar essa desigualdade social que já vivenciamos”, afirma.
Números
O último boletim da Secretária de Saúde do Estado do Rio de Janeiro informou que até esta quarta-feira (25) 370 casos da covid-19 foram confirmados no estado e há registros de oito óbitos causados pela doença.
Um relatório sobre o impacto do coronavírus no país, realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e divulgado pelo The Intercept Brasil, na última terça-feira (24), projeta que 5.571 brasileiros deverão morrer pela covid-19 até 6 de abril.