SÃO PAULO – Um mês após o primeiro caso do novo coronavírus confirmado no Brasil, cresceu a preocupação de empresários com o avanço da doença e seus impactos sobre a saúde pública e a economia – e ainda são grandes as dúvidas sobre o alcance das medidas até o momento anunciadas pelo governo.
É o que mostra a segunda rodada da sondagem XP Empresas, divulgada nesta sexta-feira (27). Para ela, foram ouvidos representantes de 392 companhias, por meio eletrônico, entre os dias 24 e 26 de março.
De acordo com o levantamento, o grupo de empresários consultados que não sentiram impactos provocados pela Covid-19 caiu de 50% no início do mês para atuais 3%. Já do lado dos que dizem ter sofrido impactos grandes ou muito grandes, o salto foi de 12% para 59%.
Entre os que se dizem mais afetados pelos avanços da doença estão dois grupos: 1) o de micro e pequenas empresas, com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões; 2) o de médias empresas, com faturamento entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões.
Os principais efeitos percebidos pelo empresariado, de acordo com a sondagem, foram a redução ou postergação de demanda (38%), a obrigação a interromper o fornecimento de pelo menos um bem ou serviço (29%) e o atraso de fornecedores com impacto na produção da empresa (10%).
Para o futuro, 77% das companhias consultados disseram projetar impacto muito grande ou grande. Uma mudança drástica em relação ao percebido na sondagem anterior, quando 79% esperavam que não houvesse impacto futuro ou que fosse pequeno ou muito pequeno.
Sobre as medidas até o momento anunciadas pelo governo Jair Bolsonaro no enfrentamento da crise, 28% das empresas entendem que não serão beneficiadas, outras 43% disseram não ter clareza sobre se serão beneficiadas ou não e outros 20% entenderam que serão beneficiados, mas não têm detalhes de como usufruir. Apenas 9% disseram que terão algum benefício e que sabem como usufruir dele.
Considerado o grupo mais vulnerável no meio dos negócios, os gestores de micro e pequenas empresas são os que acreditam que menos serão beneficiados ou mais dúvidas possuem sobre como podem ser afetados pelo que foi apresentado pelo governo federal.
Segundo o levantamento, a maioria dos empresários (61%) dizem que suas companhias aguentam menos de 60 dias com atividades interrompidas até terem problemas de caixa. Deste grupo, quase 1/3 respondeu ter problemas com apenas 15 dias de paralisação. Apenas 20% dos respondentes disseram suportar mais de três meses sem atividades.
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