SÃO PAULO – O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o Comitê Olímpico Internacional (COI) entraram em um acordo sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio em um ano. O evento ocorreria entre 24 de julho e 9 de agosto deste ano, mas deve ser sediado em 2021, portanto.
No domingo (22), o premiê japonês falou pela primeira vez na possibilidade de adiar o evento por conta da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Nesta terça (24), após conversas com o presidente do COI, Thomas Bach, Abe anunciou que o evento será realizado, no máximo, até o ano que vem. O nome do evento deve ser Tóquio 2020 mesmo com o adiamento, segundo a Reuters.
Jeff Kingston, professor de ciência política e diretor do departamento de Estudos Asiáticos da Universidade Temple, em Tóquio, afirmou que o cancelamento das Olimpíadas é uma preocupação muito menor para boa parte das pessoas do que os impactos da epidemia no país.
“O público espera e apoia o adiamento”, disse Kingston em um e-mail para a Associated Press. “As pessoas estão muito mais preocupadas com as consequências econômicas, seus empregos, suas famílias e se o número de casos aumenta”.
Uma pesquisa recente realizada pela Kyodo News, uma agência de notícias japonesa, mostrou que 69,9% não acreditam que as Olimpíadas serão realizadas no cronograma inicial. A cerimonia de abertura está marcada para acontecer no dia 24 de julho.
Comitês nacionais e federações pressionaram
Comitês olímpicos e federações esportivas de diversos países já faziam pressão pelo adiamento do evento.
O Comitê Olímpico Canadense disse que não enviaria seus atletas para o evento, a menos que a competição fosse adiada por um ano. A Austrália é outro país que também esperava que os Jogos fossem postergados por um ano. Em um comunicado oficial, o Comitê Olímpico Australiano afirmou que estava aconselhando seus atletas a se prepararem para as Olimpíadas de 2021.
No último sábado (21), o Comitê Olímpico do Brasil (COB) emitiu uma nota oficial em que também defendia o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021 e argumentando que, desde o inicio da pandemia, tem priorizado a saúde e o bem estar dos atletas nacionais.
“A posição do COB se dá por conta do notório agravamento da pandemia da covid-19, que já infectou 250 mil pessoas em todo o mundo, e pela consequente dificuldade dos atletas de manterem seu melhor nível competitivo pela necessidade de paralisação dos treinos e competições em escala global”, diz o comitê brasileiro em nota.
“Como judoca e ex-técnico da modalidade, aprendi que o sonho de todo atleta é disputar os Jogos Olímpicos em suas melhores condições. Está claro que, neste momento, manter os Jogos para este ano impedirá que este sonho seja realizado em sua plenitude”, declarou Paulo Wanderley, presidente do COB.
Os comitês da Eslovênia e Noruega também tiveram um posicionamento semelhante, dizendo que não gostariam que seus atletas fossem a Tóquio ou participem de competições internacionais até que a crise global com o novo coronavírus esteja sob controle. Nos EUA, as federações nacionais de natação e atletismo pediram às autoridades olímpicas americanas que insistissem na posição de adiamento perante ao COI.
Em videoconferência, o Comitê Olímpico Espanhol avaliou que a melhor decisão para a federação é pedir pelo adiamento do evento, já que teme que os atletas espanhóis participem da competição em situação de desigualdade devido a situação em que o país se encontra com a epidemia.
“As notícias que recebemos todos os dias são desconfortáveis para todos os países do mundo, mas para nós, o mais importante é que nossos atletas não podem treinar e celebrar os Jogos em condições desiguais. Queremos que as Olimpíadas aconteçam, mas com segurança”, declarou Alejandro Blanco, presidente Comitê Olímpico Espanhol.
Depois da Itália, a Espanha é o pais com a situação mais delicada, já que soma mais de 30 mil infectados e cerca de 2 mil mortes.
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