SÃO PAULO – A sessão é de alta para o Ibovespa, mesmo em meio ao recorde histórico de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana. A expectativa é por mais estímulos à economia do país após os dados superarem e muito as expectativas.
Por aqui, o noticiário corporativo é movimentado, com destaque para as ações da JBS, que sobem forte, até 10%, após o resultado positivo do quarto trimestre, enquanto Via Varejo, que abriu em queda, viu seus papéis subirem logo nos minutos iniciais.
A Petrobras tem um dia de alta apesar da sessão de queda do preço do petróleo, após o Goldman Sachs alertar que o excesso de produção diária pode atingir 19 milhões de bdp, o equivalente a produção, volume superior a produção da Arábia Saudita, Kuwait e Irã somados. A companhia anunciou diversas medidas para preservar o seu caixa em meio ao cenário atual de choque de oferta da commodity o que deve, por ora, afastar as preocupações com a liquidez da estatal, conforme destaca o Bradesco BBI. Confira os destaques:
(PETR3;PETR4)
A Petrobras anunciou na manhã de hoje que adiou o pagamento de dividendos aos acionistas, de 20 de maio deste ano para 15 de dezembro de 2020.
Segundo a estatal petrolífera, a medida foi tomada para preservar o caixa da empresa da crise resultante da epidemia do coronavírus no Brasil, mas também do choque nos preços internacionais do petróleo, que já caíram 60% neste ano. A epidemia do corona também forçou a empresa a alterar a data da Assembleia Geral Ordinária do dia 22 para 27 de abril.
Segundo a estatal, serão pagos em dividendos aos acionistas R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias (PETR3) e R$ 2,5 milhões para as preferenciais (PETR4). O acionista deve ficar atento para a data de corte, que será 27 de abril, data da nova AGO. Já a data de corte para os acionistas que têm ações da Petrobras em Nova York – as chamadas ADRs negociadas na NYSE – será 29 de abril. Quem quiser receber o dinheiro não pode vender as ações antes destas datas.
A companhia ainda comunicou que, entre as medidas que decidiu adotar para enfrentar os impactos da pandemia de coronavírus e o choque de preços do petróleo, está a redução dos investimentos programados para o ano e o corte da produção.
O valor de investimentos para 2020 será reduzido de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões (sendo US$ 7 bilhões na visão caixa), “em função principalmente de postergações de atividades exploratórias, interligação de poços e construção de instalações de produção e refino, e da desvalorização do Real frente ao dólar americano”.
Além disso, haverá a postergação de novas contratações pelo prazo de 90 dias.
A companhia também decidiu reduzir um total de 100 mil bpd da sua produção de óleo até o final de
março, em função da sobreoferta deste produto no mercado externo e pela redução da demanda mundial de petróleo causada pelo efeito do COVID-19. “A companhia avaliará as condições do mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes na produção de petróleo, sempre garantindo as condições de segurança para as pessoas, operações e processos”.
Via Varejo (VVAR3)
A Via Varejo informou na noite de ontem que a sua investigação sobre fraudes contábeis, erros e mudanças de estimativas nos balanços de exercícios anteriores, cujas denúncias foram recebidas pela empresa em outubro do ano passado, encontrou a cifra de R$ 1,19 bilhão de impacto no balanço. A empresa, controladora da Casas Bahia e do Ponto Frio, afirmou que não será necessária “a abertura de exercícios anteriores a 2019 para fazer os ajustes, uma vez que a companhia avaliou bem o assunto e não são necessários ajustes retrospectivos, sendo ajustados no próprio exercício de 2019”. A Via Varejo afirma que a “conclusão da investigação demonstra que os ajustes contábeis não impactarão de forma adversa o seu fluxo de caixa, condição financeira ou sua capacidade de honras compromissos”.
Sobre o resultado, a Via Varejo apurou lucro líquido de R$ 78 milhões no quarto trimestre de 2019, revertendo um prejuízo de R$ 282 milhões no mesmo período de 2018. No ano de 2019, a varejista acumula perdas de R$ 479 milhões, ante perdas de R$ 291 milhões no ano passado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado registrou forte expansão de 91,4% no quarto trimestre, na comparação anual, para R$ 605 milhões. No ano, o indicador recuou 15,2%, a R$ 1,736 bilhão.
A margem Ebitda ajustada passou de 4,2% para 8% no comparativo entre mesmos trimestres. Em 2019, essa margem recuou de 7,6% para 6,8%.
A receita líquida da Via Varejo cresceu 1,1% entre outubro e dezembro, para R$ 7,6 bilhões. No ano, a empresa registrou recuo de 4,8% na receita, para R$ 29,848 bilhões. O volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) faturado somou R$ 9,3 bilhões no trimestre, alta de 7,3%.
A companhia encerrou o trimestre com uma posição de caixa total de R$ 4,4 bilhões e caixa líquido ajustado de R$ 2,2 bilhões, incluindo a carteira de recebíveis não descontados no valor de R$ 3 bilhões. A redução de 2,2 bilhões frente ao mesmo período do ano anterior, apesar da redução de estoques, está relacionada com a menor geração de caixa operacional nos primeiros nove meses do ano passado e redução do prazo médio de pagamentos.
JBS (JBSS3)
A JBS divulgou balanço na noite de ontem e reportou um lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no quarto trimestre de 2019, uma expansão de 332,4% sobre igual trimestre de 2018. No ano passado consolidado, o lucro líquido da empresa avançou 241% sobre 2018, atingindo R$ 6,1 bilhões. Segundo a JBS, “foi o maior lucro líquido da história da empresa”. ]
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 5,6 bilhões no quarto trimestre do ano passado, uma expansão de 67,2% sobre igual período de 2018. O Ebitda do ano fechado de 2019 foi de R$ 19,8 bilhões, um crescimento de 33,9% sobre 2018. A receita líquida da empresa avançou 20,7% no quarto trimestre de 2019, sobre igual período de 2018, para R$ 57,1 bilhões. Em 2019 fechado, a receita líquida foi de 204,5 bilhões, um crescimento de 12,6% sobre 2018.
A JBS afirma que, mesmo com as aquisições feitas no ano passado conseguiu reduzir a dívida líquida em 8,9% para R$ 42,9 bilhões no final de 2019. Segundo a empresa, a relação dívida líquida sobre o Ebitda, que no final de 2018 era de 3,18 vezes (3,1x), caiu para 2,16 vezes (2,16x) no fim de 2019. A empresa encerrou 2019 com R$ 9,8 bilhões no caixa. Os números da JBS incluem as variações cambiais, principalmente a desvalorização do real frente ao dólar no ano passado.
Os bancos e analistas de mercado avaliaram como positivos os resultados. Segundo o Bradesco BBI, embora os resultados do quarto trimestre de 2019 agora pareçam distantes, com a pandemia do Covid-19, eles mostram que a JBS construiu uma posição de caixa robusta para enfrentar os desafios que virão.
Outro ponto positivo, avalia o BBI, é que a empresa tem exposição doméstica relativamente elevada, o que a protege de possíveis gargalos nas exportações por causa da pandemia. O BBI destacou que o lucro líquido do quarto trimestre chegou acima das expectativas, bem como o Ebitda e as vendas nos Estados Unidos e, no Brasil, da marca Seara. O BBI mantém a nota outperform (acima da média) com preço-alvo de R$ 37,00 para o papel, uma alta de 68% sobre o fechamento de ontem a R$ 22,05 na B3.
Para o Credit Suisse, a JBS “entregou um bom quarto trimestre, com destaque para o Ebitda 67% maior no Brasil, em R$ 5,7 bilhões.
Os destaques foram as divisões de carnes bovina e suína nos Estados Unidos (US beef e US pork) e Seara e JBS Brasil, embora essas duas tenham entregado um resultado decente mas ainda abaixo do esperado”, comentou o banco suíço. “A forte demanda nos supermercados deve beneficiar a JBS” avalia o CS, face à epidemia do coronavírus.
Para a Bloomberg, a receita líquida da JBS no quarto trimestre, de R$ 57,1 bilhões, chegou acima até das maiores estimativas, que eram de R$ 55,4 bilhões. “O frigorífico ainda aprovou a recompra de 10% das ações em 18 meses e, segundo o executivo-chefe, Gilberto Tomazoni, a companhia está operando em volume acima do normal para satisfazer a demanda global por proteína”.
Oi (OIBR4)
O Oi teve teve prejuízo líquido de R$ 9 bilhões em 2019, revertendo o lucro líquido de R$ 24,591 bilhões de 2018 – quando se beneficiou do corte da dívida em seu processo de recuperação judicial.
O Ebitda de rotina, ajustado pela norma contábil IFRS 16, totalizou R$ 6,015 bilhões no ano. Já a receita líquida foi de R$ 20,136 bilhões, queda de 8,7%.
A dívida bruta somou R$ 18,227 bilhões, alta de 1,8%.
A Oi informou, também, que não está fazendo projeções para 2020, devido à incerteza econômica causada pela pandemia da covid-19, mas “principalmente” pela iminente assembleia-geral de credores da Oi prevista para este ano, “a qual poderá deliberar sobre temas estratégicos para a companhia com potencial impacto relevante em seus negócios futuros”.Paranapanema (PMAM3)
A Paranapanema informou na noite de ontem que suspenderá as atividades nas suas fábricas de Utinga (SP) e Serra (ES), a partir de 30 de março. Segundo a fabricante de tubos, conexões, vergalhões e cobre refinado, a suspensão ocorrerá temporariamente por causa da queda da atividade econômica que a epidemia do coronavírus provocou no Brasil. A Paranapanema manterá em operação apenas na sua fábrica em Dias D’Ávila (BA).
Embraer (EMBR3)
A Embraer, maior fabricante brasileira de aeronaves, divulgou balanço na manhã de hoje do quarto trimestre de 2019 e do ano passado inteiro. A empresa informou que teve um prejuízo de R$ 383,6 milhões no quarto trimestre de 2019, revertendo lucro líquido de R$ 78,9 milhões de igual trimestre de 2018. No ano fechado de 2019, a Embraer obteve prejuízo de R$ 862,7 milhões, resultado bem mais negativo que em 2018, quando o prejuízo foi de R$ 224,3 milhões.
Houve queda nas vendas do setor da aviação comercial, mas o maior impacto nos resultados da Embraer foi o reconhecimento de um impairment de R$ 294,2 milhões na aviação executiva. A receita líquida da empresa cresceu 33% no quarto trimestre do ano passado, avançando para R$ 8,58 bilhões.
A receita líquida do ano consolidado de 2019 foi de R$ 21,8 bilhões, resultado 16% superior ao faturamento líquido de R$ 18,7 bilhões de 2018. A receita líquida cresceu porque as encomendas no setor de defesa tiveram aumento de 39%, enquanto as de aviação executiva cresceram 35%. Já o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 270,7 milhões no quarto trimestre de 2019, queda sobre o Ebitda de R$ 502,8 milhões de igual período do ano anterior. O Ebtida ajustado de 2019 consolidado atingiu R$ 431,4 milhões, queda de mais de 50% sobre 2018.
O Ebit (que exclui amortização) ajustado da Embraer no quarto trimestre de 2019 foi de R$ 17,4 milhões e sofreu um forte impacto, de R$ 222,9 milhões, dos custos da separação da aviação comercial da Embraer – a divisão está sendo comprada pela norte-americana Boeing. As entregas de aeronaves da Embraer em 2019 somaram 89 comerciais e 109 executivas, praticamente a mesma quantidade de 2018, quando foram entregues 90 aeronaves comerciais e 91 executivas.
A empresa atribuiu o resultado mais negativo de 2019 a impostos mais altos e um resultado operacional menor. A dívida líquida da empresa caiu em R$ 996,4 milhões em 2019, para R$ 13,6 bilhões no final de 2019. Segundo a fabricante, R$ 12,8 bilhões da dívida eram de longo prazo no final de 2019. A Embraer fechou 2019 com US$ 16,8 bilhões (R$ 84,3 bilhões) em encomendas na carteira, US$ 500 milhões a mais que no final de 2018.
Bradespar (BRAP4)
A Bradespar teve prejuízo líquido de R$ 388 milhões no quarto trimestre, impactada pelo resultado da Vale, que teve prejuízo de R$ 6,04 bilhões. A receita operacional foi negativa no trimestre em R$ 344,1 milhões. Os ativos totais somaram R$ 15,67 bilhões. No ano, o prejuízo líquido foi de R$ 403,2 milhões.
Locaweb(LWSA3)
A Locaweb, maior empresa de hospedagem de sites do país, divulgou balanço na noite de ontem e informou um lucro líquido de R$ 6,9 milhões no quarto trimestre de 2019. Segundo a empresa, o resultado representou expansão de 29,8% sobre igual período de 2018. No ano consolidado de 2019, a Locaweb teve lucro líquido de R$ 18,1 milhões, um crescimento de 66% sobre 2018.
A empresa, que fez no início de 2020 sua oferta primária de ações na B3, reportou um lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 29,5 milhões, uma alta de 37% sobre igual trimestre de 2018. No ano consolidado de 2019, o Ebitda avançou 46,1% sobre 2018 para R$ 106,9 milhões. A Locaweb informou que a expansão ocorreu pelo aumento da base de clientes. A dívida líquida da empresa também teve uma forte expansão, de 184,5% em 2019, para R$ 146,5 milhões.
BB Seguridade (BBSE3)
Erik da Costa Breyer exercerá o cargo de diretor de finanças, relações com investidores e gestão das
participações da BB Seguridade, completando o mandato 2019/2021, segundo comunicado. Erik Breyer atualmente exerce o cargo de diretor de mercado de capitais e infraestrutura do BB. A conclusão do processo de indicação ainda dependerá de trâmites internos antes de ser submetida ao conselho da companhia.
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(Com Agência Estado)
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