A antiga atividade de vender roupas usadas tem crescido cada dia mais. A origem da palavra brechó tem uma história bem brasileira. É que no século 19, um mascate chamado Belchior ficou conhecido no Rio de Janeiro por vender roupas e objetos de segunda mão. Com o tempo, o nome se transformou em “brechó”, que acabou sendo traduzido por “segunda mão”. Mas o que tem acontecido atualmente é uma alta no formato, na qualidade, na exposição e até na quantidade espalhados por aí. Na internet, as vendas de peças desgastadas deu lugar a um negócio cada vez mais profissional.
No Recife, como o povo diz, “cada esquina tem um”, seja físico ou on-line. Eles têm sobrevivido e até imprimido um novo formato para o consumo de roupas. Foi por isso também que o Brechó Alfazema, que funciona apenas pela internet, surgiu. Atualmente, ele se encontra na capital pernambucana, mas antes era da região Sul.
“Morávamos em Jaguarão, interior do Rio Grande do Sul. Lá, a cultura de bazar e brechó é muito forte, por isso sempre comprávamos roupas nesses lugares”, relembra Carolina Schiffner, que organiza o Alfazema junto com sua companheira, Suanne Carvalho, desde 2016.
Antes, o brechó tomava conta da garagem da casa delas. Depois perceberam que era mais viável migrar para o meio digital, tanto pelo baixo investimento, como pela possibilidade de enviar as peças para outros lugares, pois o brechó delas tem um estilo específico das peças que são expostas.
“A curadoria das peças e feita por nós duas, sempre tivemos um estilo próprio. Amamos roupas e Suanne ama moda de todos os tipos e estilos. Nosso lema é: ‘Se for uma peça que não usaríamos, então não compramos e nem vendemos’”, reflete Schiffner.
Doação
Para quem prefere ver, tocar, provar e até garimpar nos espaços físicos, uma opção é o Brechó Solidário do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), que fica localizado no centro do Recife. Lá, as peças são advindas de doações das pessoas e tudo que é arrecadado é usado no próprio movimento.
“Quando cheguei aqui no MTC descobri que já tinha tido um bazar e que tinham peças guardadas. Então, resolvemos retomar, há 3 anos. Além de roupas, vendemos peças de decoração, sapatos e acessórios”, conta a militante que coordena o espaço, Simone Karla.
O brechó solidário funciona todas as quintas-feiras, a partir das 14h30, no estacionamento da sede do movimento, que fica na Rua Gervásio Pires, número 404. “Vendemos peças de boa qualidade. Não vendemos rasgadas e nem manchadas. Separamos as melhores e repassamos por preço popular, a partir de R$ 2. A peça mais cara é R$ 10. Isso tem ajudado o nosso movimento com as contas da sede”, explica Simone.
Esse formato de negócio além de ser uma opção de produção de renda pessoal ou beneficente, é também uma alternativa para quem defende outro modelo de consumo de roupas.
“O brechó é uma forma de pensar um pouco mais à frente também, no que se refere ao consumo. Uma calça jeans custa 20 litros de água para ser feita e em pouco tempo é descartada. Trazer ela de volta a um preço acessível, ressignifica aquele trabalho que foi imposto para fazê-la. A indústria da moda é muito tóxica para quem a consome e para quem a produz eu vejo os brechós como um suspiro do bem no meio disso tudo”, defende Carolina.